sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Solto-me

Solto-me,
Das amarras do tempo,
Do que sou e ja vivi,
De sentimentos que me agarram
A estes dias (quase) sem futuro.
Solto-me!
Liberto-me de recordações
Que nada mais são
Ou passaram, de ilusões
Que as poucos,
Carne e pele me foram marcando
Com ausências de toques e abraços.
Solto-me,
Tentando deixar para trás
Essas vivências que de nada passaram,
Que em nada dariam,
Que apenas se iriam transformar
Em mágoas,
Enormes, impossíveis de curar.
Solto-me!
Primeiro a alma que deseja,
Depois o corpo que realiza
E um dia,
Essas marcas de tempo
Que me perseguem,
Ficarão caidas no chão do esquecimento,
Vividas apenas o tempo de meia vida,
Como uma folha caída,
Perene.
16/10/2012

Vivi!

E o escuro da noite traz consigo as sombras de corpos que passam, apressadamente no compasso de passos lentos de quem, na luz do dia vive em intensas correrias.

Vidas que se vão esgotando em horas e minutos mais vazios ainda de histórias carregadas de insignificantes memórias do que o que se gostaria, desejaria.

É o momento de o vento desta hora tardia me relembrar de todas as ocasiões em que fui gente, em que me senti diferente, em que vivi e senti como poucos são capazes ou ter a felicidade de poder acontecer.

Sim, há momentos em que o viver é mais forte que o pensar, em que o hábito com que nos vestimos, cobrindo desejos, esses, os mais íntimos, e sufocando-nos sempre mais um pouco o grito de liberdade porque tanto ânsiamos.
E eu vivi desses momentos em que a felicidade e total, e completa, quase impossivelmente real!
E eu vivi! E senti! E estremeci de tanto o sangue correr em mim! De tanto sentir!
E quando tudo parece desmoronar, são esses momentos que me vem amparar o ânimo quase seco de lágrimas.
Sim, ja vivi e tenciono a cada dia viver de novo cada hora que por mim passe, em êxtase, em constante certeza que vale a pena viver esta vida, por vezes, tão deserta...

15/10/2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Percorre


Percorre
Cada recanto de mim
Com o instinto de quem sabe,
Com a certeza de me descobrir.
Percorre
Todos os meus caminhos,
Desenhados em finos fios,
De pontas de dedos dóceis
E delicados.
Percorre
Trilhos novos sem saber
Calcorreados pela língua
Quente e molhada,
Carregada do teu sabor.
Percorre
Cada ponto que me faz estremecer
Deste corpo que te pertence,
Que apenas deseja de ti se preencher,
Em ti se perder,
A ti se entregar,
Nesse teu imenso saber
Como Mulher me fazer...

12/10/2012

O teu beijo


É do teu beijo que mais sinto a falta,
É nele que sonho,
Que vivo e por que,
A toda a hora, anseio.
Beijo que me envolve inteira,
Num abraço de corpo,
Em intenso e concreto devaneio.
Lábios molhados, carentes,
que se entregam nos meus, sedentos desse teu calor.
Língua a tua audaz
Que os lábios lentamente
Me fazes abrir,
Sentindo-te o quente que há-de vir,
Em gotas de saliva,
Com que me vens cobrir.
E cobre-me de beijos!
E cobre-me desse teu sabor!
Desliza-me a boca no corpo,
Concretiza-me todos os desejos,
De tua boca nos meus outros lábios,
Em corpo que ondula,
Ao sabor do teu me tocar
E faz-me te dar,
Assim na lingua,
Todo o meu prazer.
Vem, nao me facas mais esperar,
Pelo teu longo e desejado beijar...

12/10/2012