quinta-feira, 24 de maio de 2012

Esse teu calor...



O dia nasce quente, aquele quente de final de Primavera, em que o hibiscos ja enfeitam os jardins e nos sussuram que o Verão não tarda a chegar.

As andorinhas fazem voos rasantes, bebericando no riacho de águas límpidas e pouco profundas.

E eu deitada, neste calor que não é meu, que é do dia que corre lá fora, e que foi o teu na noite que agora acorda.
Calor de corpos, dois, o meu e o teu, que se unem, formando um só, entrelaçados.
Encaixados tu em mim, amarrados eu em ti.

E ondulamos, como ondas num rio sereno, que se precipitam em direcção ao mar, em rítmos que aumentam, que num ápice são corrente de gotas de mar salgado em peles que se beijam.

E eu beberico dessa tua água que não me mata a sede, que me vicia numa dependência desse teu sabor, desse teu calor...

2012/05/24

O caminho...


E o caminho faz-se a cada dia, a cada hora e em cada minuto à medida que as águas do rio sobem ou descem, invadem ou se deixam invadir pelas ondas do mar.O meu passar por estes dias, ao sabor de um vento que jamais se sente na pele branca que é minha, qual tela estendida à espera do teu pincelar suave e doce como a brisa que vem do mar, é assim, um suave balouçar em águas que pouco oscilam, que n...ão se agitam com a chegada do vento forte, frio ou quente.Águas paradas em mim, qual sangue que correndo não corre, qual sentir que sentindo não vibra, não me acorda o corpo e a mente dormentes de tantas ondas que não ondulam, que me toldam, que me atormentam sem me fazerem viver. E eu quero viver. Quero sentir-te o sabor, quero que me pintes de cores rubras que são de amor, quero sentir em mim esse louco e intenso torpor de não sentir qualquer pudor.
E o meu caminho faz-se a cada dia, na direcção do teu...

2012/05/23

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Neste corpo...


E a vontade invade-me a mente,
Lembranças de beijos,
De bocas que se tocam,
De línguas que se entrelaçam,
Que se provam,
Que se lambem.
Mãos que se tocam
Em corpos que sempre se descobrem,
Dedos que deslizam,
Que se fazem sentir sempre novos,
Sempre de forma diversa,
E quando me invadem perco a razão,
O pensar, a lucidez.
E o teu corpo junto ao meu
É dança a dois num único movimento,
E a minha boca murmura palavras intensas,
Gemidos de prazer que jamais quero conter,
Que quero libertos,
Sem medos ou receios,
Em teu corpo que me invade o ventre,
Em ritmos intensos e compassados,
Que me sacodem cá dentro
E me fazem vibrar nesta louca entrega
Que é nossa, minha e tua.
E o calor do teu prazer,
Molha-me a pele quente,
E o teu cheiro e o teu sabor
Marcam-me,
Intensos e tão profundamente
Que os sinto em mim ainda.
Aqui, neste corpo que não te esquece...

2012/05/22

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Imperfeitamente vazia...

Hoje o dia, apesar de brilhar o sol, de ser quente o seu calor, se fazer brilhar as águas do rio que corre lento, agitado pela brisa fria que me seca os lábios, é noite em mim.Uma noite sem lua, sem luz, sem estrelas para brilhar no meu caminho.Um vazio apodera-se de mim. Um nada que me preenche, que me enche a alma e aperta o peito.Sim, um aperto no peito feito sufoco que tento libertar, do qual ...me quero largar e nada... Nada sai da minha boca. Apenas o vazio de palavras que não digo, que não sei quais são, que são vazias porque vazia eu estou.Vazia de mim. Tento libertar-me e analisar o que não tem análise. Como que classificam sentimentos? Como se colocam em patamares? Como se compartimentarizam? Como?E estou cheia deles, aqui, acumulados em mim, num frenezim que não pára, que não se detém, que não me largam o pensar que é confuso e disperso.E no meio de tanto pensar sem a conclusão alguma chegar, sinto-me vazia. Incompleta. Imperfeita. Imperfeitamente vazia...

2012/05/21