sexta-feira, 11 de maio de 2012

E eu quero-te...

E eu quero-te,
Assim, pleno e inteiro,
Apenas para mim.
Sem te dividires,
Sem te partilhares,
Sem precisares de mais alguém.
Quero preencher-te,
Saber-te os segredos,
Os temores, os medos,
Todos os teus desejos.
Quero ser parte deles,
Fazer-tos acontecer,
Em ti, em mim, em nós!
Ser a tua perdição,
O teu maior desatino,
A meta do teu caminho,
O teu mais que tudo!
Quero ser tua,
Na mesma plenitude que te quero meu!
Sem fim, ou com muitos,
Desde que haja um novo começo!
Quero ser o que te falta,
A tua maior loucura,
Maior tormento,
Maior alento e apenas tua!
Quero o teu cheiro no meu corpo,
Entranhado nesta pele,
Desejar-te sem limite,
Dar-me sem fronteira!
Ter-te em mim à noite, no dia, a semana inteira!
Quero-te meu,
Na mesma proporção que sou tua...

2012.05.07

Não regressar...


Tentei despir-me da minha pele,
Tentei ser outra,
A que mais te agradasse,
A que mais te preenchesse.
Tentei sentir-te ainda mais,
Compreender o teu intimo,
Perceber o que te movia,
O que te fazia querer dares-te,
Sem te invadir.
Tentei despir-me da ausencia
Da tua presenca,
Do teu caminhar noutra direccao,
Do teu incessante procurar.
Hoje, dispo-me deste sentir sem sentido,
Dispo-me de ti,
De forma definitiva,
Um adeus para sempre,
Um a ti nao regressar.

2012.05.07

Somos nada...




E de um momento para o outro somos nada... Um farrapo rasgado. Uma parte do que fomos e que jamais voltaremos a ser. Como se nos arrancassem a vida. Como se os os nossos olhos apesar de abertos deixassem de ver o concreto, as formas e os detalhes, como se passassem a ver apenas um rosto reconhecível ou não, uma flor numa jarra sem sequer saber a sua cor, o seu formato de pétalas.
Um viver sem viver, acompanhado apenas de sombras desprovidas de cor. Sombras que se movem demasiado rápido para as acompanharmos. Tudo porque desistimos. Sim, desistimos de viver apesar de vivermos e os dias, esses, passarem devagar e desejamos dormir, os olhos cansados descansar, na vã esperança de nunca acordar e de com este imenso e intenso sofrer acabar.
Mas o corpo vive, e resiste, e vai ganhando essa batalha em que a alma e o pensar ja desistiram de tentar derrotar. E o corpo obriga a ver e a pensar e a existir sem se saber.


2012.05.03

A luz do dia

Aguardo a luz do dia,
É noite cerrada em mim,
Como do outro lado da janela,
Nestas horas de noite sem fim.
É um constante negrume
Um murmuro, um queixume,
Que me invade e atormenta,
Que me desilude e apoquenta,
Que nunca desaparece, se esfuma,
E antes se apodera, devagar,
Do que sou, do que tenho para dar,
Qual ladrão escondido na penumbra.
Aguardo a luz do dia,
Essa luz imensa que tens no olhar,
Dessa cor de céu e de mar,
Que tanto me fazem sonhar e desejar!
Aguardo ser tomada,
Invadida, beijada,
Pela luz que de ti emana,
Que tanto me alegra o sorriso,
Que tanta vida me dá à alma.
És o meu sol na janela,
Aquele porque anseio ao acordar,
Que com apenas o olhar
A minha pele (fria, inerte por culpa da noite gelada,)
Fazes aquecer e arrepiar,
A cada toque, obrigada a renascer.
Aguardo pelo dia
Em que a noite não regresse,
Em que apenas exista
A luz do teu dia!

2012.05.02