terça-feira, 24 de novembro de 2015

Thoughts XXIX



Vou vestir-me de flores...
Porque morta já eu estou.
Porque a vida já não vive em mim.
Porque o tempo já não é de viver. É de aos poucos me deixar morrer.


22.Nov.2015

Não há viver sem ti




Não há viver sem ti...
Há uma estranha forma
De os dias passarem,
Envoltos nessa norma
De todos iguais serem.

Há sim, um passar de horas
Perdido em cenas de um filme
Igual, compassado e sem demoras,
E tudo é inerte, incólume.

As pessoas são meros transeuntes
Num passeio de rua, para mim vazia,
Meros passageiros, por mim passantes,
Num dia de sol parecendo chuva fria.

E eu preciso-te,
Do perigo que me és,
Na alegria no meu olhar-te,
Do me sentir voar, mesmo com a terra aos pés.

Não, não há viver sem ti.




18.Nov.2015

Temo


Temo que a vida chegue ao ponto de não me surpreender.
De não me fazer ter vontade de viver. De não me voltar a fazer sorrir.
De o sol, apesar de brilhar, deixar de me iluminar.
De as horas passarem em minutos iguais a si mesmos e de as ondas deste mar serem sempre as mesmas a cair.

Temo que os rostos de quem comigo se cruza na rua, apesar de diferentes, não se consigam renovar.
De os olhos não voltarem a mostrar o sentir que alma traz em si.
De o coração deixar de fazer circular o sangue que faz viver.
De o movimento do corpo seja um simples e automático repetir.

Temo que as cores se tornem todas num cinza quase morto de um não-viver, de um apenas respirar para não morrer...


04.Nov.2015

Mar


Ouvi o mar sussurrar o teu nome nas gotas perdidas na areia, para ele corri e nada recebi de ti.

O vento chamou por mim e para ele em vão sorri e de ti nada me trouxe.
O sol deixou de brilhar e a chuva caiu, como que chorando a sua ausência e de ti soube o que era a saudade. O que é viver sem o abraço quente de quem ama.

As lágrimas trouxeram-me à boca o sabor do teu corpo depois de me amares e os lábios abriram-se para, de alguma forma, te sentir.
E as horas, essa infinidade de minutos, demoram a trazer-te para o meio de mim.

A fazer-te, de novo, parte de mim.

A deixar-me, finalmente, voltar a viver.


26.Out.2015