terça-feira, 25 de março de 2014

Em mim

É nos meus braços
Que apaziguas o desespero
De um coração abandonado,

Para além do corpo largado
Que, inerte,
Quase já não sente.
É no meu abraço
Que o ar se torna leve,
Que o respirar se permite
E voltas a ter,
Em ti,
Lugar para viver.

É no bater do meu coração
Que te renovas
E libertas do que passou,
Das mágoas de feridas
Outrora abertas.

É em mim
Que te perdoas,
Que te entregas,
Que te seguras
Para enfrentar todas,
Todas as tuas provas.



25.Mar.2014

Toco

Toco
No corpo que,
Deitado no leito
Do nosso amor,
Relembra o deslizar
Da tua mão,
Conhecedora dos meus caminhos,
Percorrendo-me inteira,
Sem que eu consiga
Dizer não.

Toco
A pele estremecida
Do molhar da tua
Irrequieta e quente língua,
Descobrindo-me recantos,
Incautos,
Escondidos,
Intocáveis até agora,
Deste corpo
Jamais arrependido
Por te desejar a toda a hora.

Toco- me
Copiando o teu ritmo
Neste corpo condenado
Ao imenso delito
De te querer imitar
O intenso dedilhar
Que me inebria o sentir,
Que me turva o olhar,
Que me abafa o falar,
Que me faz apenas articular
Gemidos soltos,
Sem sentido,
E os dedos,
Avançando e recuando,
Num inédito compasso,
Invadindo-me por dentro,
Controlando-me a vontade
De me entregar,
Enlouquecida,
Ao culminar
Do prazer.
 
 
24.Mar.2014

Viver

 
Melancolia
Estendida,
De dentro para fora,
Da alma para o corpo
Que se ressente
Numa vida
Que se permite,
Apenas,
A respirar.

Saudades
Brotam
Feitas gotas de sal,
Escorrendo no rosto,
Marcando sulcos
Eternizados pelo passar
De um tempo que se demora.

Dor
Cortante,
Num coração que bate,
Dilacerado num peito
Que se estreita,
Que se aperta
Contra o saber
Do que é um perder.

Recordações
Perdendo-se num mar
De névoa baça
Sem que se registem
Os momentos
Mais importantes do que já foi,
Os menos importantes do que teria sido,
Desvanecendo-se
E esbatendo-se das cores
De outrora.

(Re) Viver
Em dias que se fazem
Plenos de certezas
Confirmadas a cada passo
De um futuro concreto,
Criado,
Fundado,
Em novos rumos
E em um
(Ainda)
Maior e melhor amor!
 
 
21.Mar.2014

A pele

A pele
Esta parte de mim
Que não me deixa sem sentir
O toque do tempo,
O passar dos segundos.

A pele que se altera
Ao mais pequeno toque
De brisa no ombro
Despido de preconceitos.

A pele
Esta que se arrepia
Quando o doce sabor dos teu beijos
A inunda de desejos
Que a mente não compreende.

A pele que é permissa
Ao deslizar da tua língua
Molhando-a
Com desenhos de ternura
E laivos de intensa luxúria.

A pele
Esta que me cobre a carne
Que aguça os sentidos,
Anseia pelo prazer
De te ter,
Num emaranhado
Suado,
Da tua pele na minha,
De ti em mim,
Percorrendo-me,
Invadindo-me,
Tomando-me as rédeas
Do comandar-me o prazer.

A pele que me impele
No caminho da perdição
Que é te pertencer,
No sentido do que me diz o coração
Que é amar-te,
Assim,
Plena do que sou,
Inteira de paixão!
 
 
20.Mar.2014