sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dicionário de Coisas Simples XV


E a ausência?
A ausência é o tempo
Em que as memórias
São recordadas na pele,
Na ponta dos dedos
E nestes meus lábios que beijaste.

E a falta?
A falta é um respirar
Que não se sente,
Que me invade do teu nada
E me deixa quase sem vida.

E o não ter?
O não ter são mãos carregadas de um vazio
De dedos que não se entrelaçam
Em abraços que fazem suor
Na pele dos nossos corpos.
21.Jun.13

Temo


Temo que o som das palavras morra para sempre em mim. Que não voltem a ser proferidas por falta de um sentir que me invada por completo. Por falta de uma emoção que me comova e revolva cá dentro, dentro do corpo, nas minhas mais profundas entranhas.
Temo que a minha língua deixe de saborear cada ponto de exclamação que me ofereces no teu beijar. Que as minhas mãos não sigam cada compasso de reticências que me aumentam o desejar descobrir mais um recanto do teu amar. Que a minha boca deixe de te sugar todos os pontos finais de um prazer que não tem igualar. Que o meu olhar deixe de te falar de entrega e paixão, de te pertencer e te querer.
Temo que um dia deixes de me escrever e eu não tenha mais palavras para ler, para viver e morra sem verdadeiramente morrer, calada, sem palavras para (te) dizer.
18.Jun.13