sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Quase submersa...

Respiro quase submersa,
Numa imensidão de água,
Morna, suave e doce.
Inunda-me o corpo,
Cobre-me,
Longa, profunda, quase sem fundo.
Entranha-se na alma,
Enche-me desse líquido,
Que me faz falta,
Que me deixa envolta,
Num mundo de sonho,
Num mundo sem mal,
Num mundo que não se vê,
Que apenas se sente,
De olhos fechados,
E apenas com o coração.
Vontade de não voltar,
De neste imenso mundo ficar,
Entregar o corpo,
Perder a alma
Que tanto reclama
Por não sentir,
Por apenas se encher,
Desta água que tanto me quer,
Que me chama,
A toda a hora, a todo o momento.
Sussurro imenso,
Intenso encantamento,
De me deixar levar,
Sem pensar,
Sem lutar...
Respiro quase submersa,
Sem medo do futuro,
Sem receio da vida,
Do que pode vir, ser, acontecer.
Respiro desse ar que me completa,
Que me impede de afundar,
Que me faz levitar
E não me deixa largar,
De ti,
Do teu amor,
Da tua entrega,
Da tua força,
Presa em minhas mãos.
Quase submersa,
A querer acreditar que nunca,
Nunca me vais soltar...

Caída na cama...

Caída na cama,
Me deixei ficar,
Sem vontade de nada,
Apenas de parar.
Pensar de forma forçada,
Sentir sem querer,
Hoje,
Caída na cama,
Vou ser apenas corpo.
Sem vontade,
Sem sentir,
Sem desejo,
Sem fingir,
Sem, cá dentro, morrer.
Vou aqui deitar,
Deixar e largar,
Todas as mágoas,
Todas as dores,
Todos os males,
Todos os cheiros,
Todos os sabores,
Tudo que já soube.
Vou deixar aqui ficar
Tudo que fui até aqui.
Vou abdicar do meu saber,
Vou despojar-me de mim.
Vou renascer
Nova, diferente,
Mudada,
Inocente,
Salva...
Agora, caída na cama,
Já não sou apenas corpo,
Sou vontade,
Vou voltar ao início,
Vou voltar a sentir,
Vou sair e aprender novamente,
Sonhos,
Ilusões,
Ser de novo pessoa que sente,
Voltar a sonhar com paixões...

03/02/2012