Mergulho no silêncio. E espero, sem esperança, que o grito me saia da garganta.
Não que tenha algo para dizer, há silêncio em mim, esse onde mergulho.
Onde me perco e onde desejo não ficar.
Não há pior silêncio que o nosso silêncio.
Um silêncio que não é por falta de palavras. Que não é porque não queira soltá-las.
É porque, na maioria das vezes, senão sempre, não há quem as ouça.
Quem verdadeiramente ouça. Com o coração, sem conselhos e sem apontar dedos.
Simplesmente não há quem ouça. Ninguém quer ouvir o que vai dentro da Alma de quem quer que seja.
Ninguém quer partilhar esse peso. Ou alegria. Ou simples troca de ideias e pontos de vista.
Não há quem ouça. Há acenos de cabeça ou ruídos de conforto. Apenas para parecer que se ouve. E não houve uma única palavra que fosse ouvida.
Às vezes calo-me, no meio de uma frase, de uma história, de um pensamento e nada... Silêncio do outro lado.
Ou interrompem com um qualquer tema leviano, sem interesse mas que tem força para nos calar.
E assim faço. Calo-me e mergulho no meu silêncio. Um silêncio que grita cá dentro, dentro do meu próprio silêncio...
Cat.
2020.04.22