sexta-feira, 7 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XVI


 

À média luz partirei.
Dir-te-ei um adeus trémulo
Como a hora em que irei:
Frágil, quase apagada,
Numa chama já sem brilho.
A voz quase inaudível,
Como se a partida já fosse,
Como se, de um fantasma,
Se tratasse.
Um adeus cheio de sentir:
Carregado de alívio por partir,
Pelo facto de deixar, para trás a dor,
E ter a certeza que o corpo frio,
Não sofre mais, seja pelo que for.
Não sofrerei,
Será um regresso a casa,
Onde a Alma se acalma
E vive no seu esplendor.
Dar-te-ei um beijo,
Como quem jamais diz adeus
E deixar-te-ei o meu odor:
A fresca, acabada de colher,
Rosa flor.


Cat.
2021.01.25

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XV


Fecharei os olhos
E nada mais verei.
Levarei os teus, cor de mar,
E a lembrança do teu abraço,
Das tuas mãos entrelaçadas
Nas minhas,
Outrora carregadas de vida,
Agora frias, geladas.
Fecharei os olhos
E nada mais sentirei.
Levarei comigo risos,
Abraços e beijos;
Deixarei, junto com o corpo,
Despojado de vida,
Todas as dores,
Todas as tormentas
E a vida não vivida.
Fecharei os olhos
Mas não morrerei.
Sei que algo mais me espera
E enquanto a carne descansa na terra,
Sei que, esta Alma minha,
Viverá de forma etérea,
Na tua memória
E na outra vida, na eterna.
Os olhos fecharei,
Um dia,
Mas até lá, o melhor que souber,
Esta vida viverei.

Cat.
2021.01.25

Caminhos a fazer


 



Há caminhos a fazer.
Há muito para aprender, crescer e ser.
Há, em cada experiência, um evoluir, muitas vezes regredir, mas é assim, com estes passos, ora para a frente, ora para trás, que nos fazem.
E não, não há passos que possam ser desfeitos.
Há, é sempre a possibilidade de não os voltar a percorrer.
E quando me olho, no espelho da verdade, vejo que carrego muita bagagem.
Muitas dores, tristezas e lágrimas, culpa.
Carrego o que devia deixar no passado.
Prendem-se, sugam-me e sufocam tudo que há em mim.
Não sou perfeita.
Há que o aceitar.
E há que perceber que, ao longo dos anos, vamos sendo muitos "eus". Os que realmente somos e os que nos impõem.
No espelho da verdade vou ver-me na realidade, no fundo do meu ser, do meu peito, do meu coração... Da minha Alma. E sei que qualquer erro que cometi, foi sem maldade.
Há que me perdoar e aceitar.
E vou, a partir daí, viver livre, leve e segura de que o futuro só pode ser melhor!


Cat.
2021.01.22

Meu peito


Há chuva e frio
Neste dia que quase
Acaba.
O vento, vadio,
Faz barulho, passa
E traz um turbilhão
De palavras que
São sensação
Da tua presença,
No odor que me abraça
E relembra que
O amor não passa.
Fica na memória,
Marcada como lembrança,
Que traz de volta a
Esperança,
Envolta em novo desejo,
Dos teus lábios na minha
Boca, o teu corpo no
Meu peito.


Cat.
2021.01.21