A noite é de um normal Dezembro, com chuva que vem e se fica pelo céu, tornando as nuvens mais negras que o habitual.
... Comecei a escrever, no meu habitual e monótono registo e... Nada. Nada. Um vazio.
Não um vazio vulgar, acostumado e igual a tantos outros.
Não um vazio de palavras presas na garganta ou na ponta dos dedos.
Não.
Apenas um vazio diferente, como se não houvessem palavras para expressar o que sinto.
Não há urgência em tirar de mim o sentimento, não há urgência em transformar em frases tangíveis e compreensíveis. Apenas porque é impossível.
Não há desespero em mim, mas há um nervoso miudinho.
Há esperança na minha Alma, mas também uma certa ansiedade.
Não há angústia cá dentro, mas há um pensar o futuro.
Há amor no coração, transbordante e infinito e por tudo e todos. Mas também há uma não necessidade de o dizer ou demonstrar.
São tempos estranhos e já se demoram a desaparecer, a deixar-nos voltar a tentar viver o normal.
Talvez as palavras certas sejam esperança e medo.
É difícil descortinar os dias que nos esperam que, talvez, seja tão simples quanto isto: um misto de esperança e medo.
Medo não é. Tenho agora a certeza disso.
Há algo, cá dentro, bem no fundo do meu ser, que vê um futuro brilhante, cheio de luz, esperança e empatia. E tudo o que daí advém.
Sim, é isso que sinto no âmago do meu ser.
Este momento anormal é, para mim, uma espécie de dormência... Uma dormência superficial, pois há o que sinto tão forte dentro de mim, como uma certeza concretizada.
Eu sei... Não faz sentido.
Porque as palavras que tenho para dizer não são palavras, são sentimentos, é algo que só o sentir pode compreender...
Cat.
2020.12.15