sábado, 1 de maio de 2021

Adeus (à) Vida VI





Voei.
O corpo abandonei
E voei.

Fechei.
Os olhos não mais abrirei
Porque os fechei.

A dor
Que na alma sentia
Já não queima, já não há por.

O amor,
Que era o bater o Coração fazia,
Já não arde, já não há fulgor.

O ar,
Que era o que viver me fazia,
Fica cá fora, do corpo, já não há como entrar.

Voei.
De corpo e alma vazia morri,
Deitada,
No leito de amargura vivida
E olhando para o que fui, sorri:
Sou, agora, livre de tudo e por aí voei!


Cat.

2020.12.08

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Adeus (à) Vida V


 

Doce beijo,
Suave, delicado, certeiro.
No meio da noite, matreiro,
Chegas e já nada vejo.

Levas-me do corpo a vida,
Num voo nunca vivido,
É alívio: já não sofro,
Já nada me faz ferida.

Jazo, à morte rendida,
No leito onde muito sonhei,
Onde houve muita lágrima vertida,
Onde agora, morta, nada mais direi.

Não quero que a falta me sintas,
Pois não a sentirei,
Estarei longe, às tantas,
Em lugares que existirem, nunca pensei.

Parto sem mágoas,
Sem peso e sem dor,
Levo apenas as salgadas lágrimas
Que guardei por amor...


Cat.
2020.12.05

Adeus (à) Vida IV


 

Serena, calma e em mim
A noite aqui chegou:
Do meu leito s'aproximou
E entregou, ao meu ser, o fim.

Sou corpo frio, sim,
Em que o sangue parou,
Serei cinzas que o fogo queimou
Espalhadas na brisa de cheiro a jasmim.

Não sintas nada por mim:
A dor terminou
E eu... Eu, já não sou,
Pois as horas deixaram de ter fim.
Agora apenas um' Alma assim:
Livre e que voa o que nunca voou.


Cat.
2020.12.05

Adeus (à) Vida III




Cansado e carregado
De pesado desalento
O coração faz a vontade
E a Alma segue-lhe o exemplo.

O corpo inerte,
Sem respirar,
Sem vida, agora, permanece
Num eterno descansar.

Um último desejo
Quer ver concedido:
Ser cinza espalhada
Num campo qualquer,
E qual pássaro voando,
Livre finalmente,
Pertencer
Onde quiser.


Cat.
2020.12.04