quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Medo em mim
Sim, há medo em mim.
Um medo, talvez irracional, mas há.
Medo de mudanças. Medo de falhar. Medo de não fazer a(s) escolha(s) certa(s). Medo. Há quem diga insegurança, mas não deixa de ser medo.
A vida é feita de opções, a cada dia, a cada momento e não há nada que possamos fazer para as evitar. Nada. Há que decidir, avançar ou recuar ou manter a posição. Mas há sempre uma decisão a tomar. E há sempre o mesmo medo. De não saber se rstamos a decidir bem.
E este medo aumenta com a idade. Ou com a maturidade. É proporcional à quantidade de compromissos que vamos assumindo na vida. Quando não há compromissos tudo é mais simples, tudo é de mais fácil resolução e menos, muito menos assustador. Havendo é tudo muito diferente. Tudo aumenta. Até o medo.
Sim, decidir não é fácil, em especial quando implica mudanças que nos afectam as rotinas, e sobretudo, as certezas.
Pois que abalar as nossas certezas e ter que nos adaptar é que assusta, mete medo.
A verdade é que a cada mudança, a cada nova decisão e a cada novo medo, eu vou conseguindo superar-me. Vou sendo capaz de me adaptar, de aceitar e, muitas vezes, de me surpreender.
Haverá então motivo para ter medo? Para eu sentir esse aperto no coração?
Talvez sim. Talvez o medo impeça o meu ego de se mostrar, exacerbado e implacável.
Talvez não. Talvez o medo impeça que eu viva de forma mais tranquila e acredite no que sou, no quanto valor tenho e na minha capacidade de adaptação.
Não sei. Só sei que há medo, há medo em mim.
Cat.
2019.03.26
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Dias assim
Demoramos uma vida para acreditar que somos bons, que temos valor, que há algo positivo no que somos, no que fazemos ou pensamos.
Demoramos um minuto a desabar essa crença, a perder a confiança, a desacreditar em nós. A colocar tudo em causa, a olhar para os defeitos e a dar-lhes mais importância do que às qualidades.
É verdade, num minuto tudo muda e basta uma palavra, principalmente se for de quem gostamos, para nesse instante nos sentirmos uma merda.
E é isto que me sinto agora, uma merda. Um nojo de pessoa. Uma inútil. Uma incompetente. Uma desleixada. Uma gigante merda.
Apesar de cá dentro, bem no fundo do meu ser eu saber que não o sou.
Mas é como me sinto. E hoje é dia de deixar as lágrimas correrem com toda a força e adormecer em auto-comiseração...
Porque há dias assim.
Cat.
Demoramos um minuto a desabar essa crença, a perder a confiança, a desacreditar em nós. A colocar tudo em causa, a olhar para os defeitos e a dar-lhes mais importância do que às qualidades.
É verdade, num minuto tudo muda e basta uma palavra, principalmente se for de quem gostamos, para nesse instante nos sentirmos uma merda.
E é isto que me sinto agora, uma merda. Um nojo de pessoa. Uma inútil. Uma incompetente. Uma desleixada. Uma gigante merda.
Apesar de cá dentro, bem no fundo do meu ser eu saber que não o sou.
Mas é como me sinto. E hoje é dia de deixar as lágrimas correrem com toda a força e adormecer em auto-comiseração...
Porque há dias assim.
Cat.
terça-feira, 17 de dezembro de 2019
Ele(s) IX
Ela.
Até amanhã. Ou depois de amanhã ou na próxima semana. Mas até breve, muito breve.
Sabes que te gosto. Que nos gosto assim, sem a obrigatoriedade de um compromisso, excepto o que temos para com a vontade de estarmos juntos.
E eu gosto de quando estamos juntos.
Gosto de falar sobre tudo, sem qualquer receio de condenação da tua parte, sem que tenha que esconder algum pensamento mais leviano ou o meu (tremendo) humor negro.
Gosto de, ao teu lado, me poder libertar, de Alma e corpo. De ser apenas o que sinto. De me entregar sem disfarces de menina bem comportada ou de uma mulher obrigada a cumprir. Até posso ser tudo isso, mas porque nos apetece dar asas à imaginação e no sexo (quase) não há limites. Pelo menos entre nós. E isso é porque eu não te lavo as meias e as cuecas e de cozinhar todos os dias para ti! Isso seria o compromisso de um relacionamento e, como em todos os relacionamentos o dia-a-dia, a rotina iria acabar com toda esta ligação que temos. Com todo o tesão, com o frenesim dos encontros que podem ser cancelados em cima da hora porque apesar dos milhares de mensagens trocadas, de sabermos do dia de cada um, não há como olhar-te nos olhos e vibrar com as emoções. Da constante expectativa de te sentir as mãos na pele, o sexo dentro de mim, o culminar do êxtase nesta nossa entrega sem filtros. Das nossas conversas, profundas ou banais, antes do banho e de sair do quarto que nos testemunhou.
Se tenho medo de te perder? Tenho. Muito. Mas tenho medo de perder o que temos de tão especial, de perder o que nos faz gostar tanto desta forma de nos entregarmos.
E é sempre com o receio de que seja um adeus que te digo até amanhã, ou depois de amanhã...
Cat.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2019
Ele(s) VIII
Ele
Adeus.
Tenho que dizer adeus. Hoje e para sempre. Não há um futuro amanhã, pelo menos para nós. Não porque o sentimento não esteja cá: está e é muito forte, intenso e vibrante. Como tu na minha vida.
Há muito a mudar. Há demasiado em jogo. Para mim e para ti. Há o receio de não passar de uma paixão. Há o receio de que te tornes igual a todas as outras mulheres, que cercam, que controlam e fazem dramas com os ciúmes. Sabes que não sou teu. Esse era o contrato. Não fora daqui, destas paredes que nos protegem e que nos impedem de ver a vida lá fora. Aqui, tudo é fenomenal. Tu és tudo o que sempre quis. Tu consegues aliar tudo o que há de bom numa mulher: amiga, confidente e amante. Oh! E como és boa amante. Nunca uma mulher se entregou nos meus braços como tu. Nunca uma mulher me recebeu no seu corpo como tu. Nunca. E isso baralha-me: como te entregas desta forma e sem amor? Não há, pelo menos que se tenham cruzado comigo, mulheres que se entreguem de forma tão intensa ao simples prazer de ter prazer. Entendes? Há sempre um sentimento de amor ou paixão e a ilusão de que nos vão conquistar e que seremos delas para sempre. Mas tu não. Pois não? Não mesmo? Não há em ti nada que te faça entregar porque gostas de mim? É apenas pelo prazer que te dou? E não, não me sinto usado, apenas queria acreditar que serias minha para sempre. Não só de corpo, mas de tudo. Entendes, de tudo e para tudo.
E é por isso que tenho que dizer adeus. Porque te quero mais do apenas isto.
Cat.
2019.03.22
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