Não há pessoas na rua e o silêncio é o já interiorizado som das gotas de chuva no vidro da janela e apenas interrompido pelo passar de um carro, rápido e sem apreciar a paisagem.
Hoje não há fotografias às pontes, não há barcos a riscar as águas revoltas de um rio que corre mais veloz para o encontro com o mar e as gaivotas planam baixinho nos céus cinzentos escuro.
Aqui, a pele também sente o frio, o sorriso também se esconde e a vontade de não estar aqui é maior que nunca. É demais, quase insuportável.
A alma também escurece ao ritmo do passar das núvens e do chegar do anoitecer.
Salva-me pensar que ao fim das horas lentas terminarem, chegarei a casa e tudo será diferente.
Terei o calor de um aconchego que cobre o corpo e inunda o coração. E este bombeará mais fortemente esse sangue quente que nos faz viver.
Porque te tenho.
Porque me esperas.
Porque me amas.
Mesmo eu sendo perfeitamente imperfeita.
Porque te amo.
Porque te anseio nos meus braços.
Porque te tenho sempre presente no pensamento.
Mesmo que não te apercebas.
Mesmo que passe um dia sem to dizer. Ou um momento sem to demonstrar.
Porque me és alimento.
Porque te dou alento.
Porque somos o que ambos esperamos do outro. E não esperamos nada mais que tudo.
Tudo que nos faça feliz.
Tudo que nos apeteça fazer e dizer.
Tudo que não nos prenda em rotinas que nos acabam por definhar.
E o calor entre nós nunca morrer!
17.Fev.2016