ELA:
E isso mata-a. A pouco e pouco, aos bocados e demoradamente. E martiriza-se pensando na sua enorme incapacidade em ser perfeita. E frustra-se a cada pensamento. E os olhos não brilham, os lábios não sorriem e o corpo não deseja. E ele, na cabeça dela, vai deixando de a amar. A pouco e pouco, aos bocados e demoradamente.
ELE:
Podia ser diferente mas gosta dela assim, tal como é. Com as suas pequenas imperfeições: faz dela uma mulher real, que a ele se equipara. Sim, ele não é perfeito mas também não tenta ser. Sabe que podia ser melhor mas é feliz assim porque ela o aceita. Como ele a ela. E não importa que não seja a melhor cozinheira, a perfeição a passar a ferro ou que não aspire a cada poeira no chão da sala.
Ele ama-a pelo sorriso, pelo olhar sedutor e apaixonado, pelas curvas de um corpo que se sabe mover e o excita. Pelos beijos. Pelo sexo. Pela companhia. Pelo sexo que é (quase sempre) fenomenal. Sim, o sexo é importante para ele. E ela preenche todos os seus requisitos.
Sente que a rotina das tarefas diárias são um peso demasiado grande na forma como ela reage e quer mostrar-lhe que nada, mas mesmo nada é mais importante que estarem juntos. Verdadeiramente juntos, abraçados, enroscados ou apenas, um ao lado do outro, sentados. E mesmo que a ausência de palavras impere, não é constrangedor ou mau ou sinal que algo não está bem ou que ele esteja saturado dela ou mais um milhão de outras coisas que passam pela cabeça dela! Não, é apenas porque não há necessidade de encher o silêncio. É porque é confortável. E não há nada melhor que saber apreciar momentos a dois, em silêncio.
17.02.2016