segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Espero-te

Espero-te.
Num misto de ansiedade e desespero. Sim, desespero. Mas daquele bom, do que nos deixa um frenesim no corpo, o coração a bater acelerado.
Saudades de te sentir entrar e o teu aroma tudo, à tua volta inundar e até mim chegar.
Do teu toque. Preciso, certeiro, único no me fazer despertar os sentidos, que quando não estás, ficam quietos, adormecidos.
Do teu beijo. E do teu sabor. E do teu calor húmido saindo por entre os lábios, num língua sedenta de mim. Esfomeada da minha pele, da minha carne, do meu gosto e do meu prazer.
Espero-te.
Num misto de desejo e expectativa. E não, nunca me desiludes. Mesmo quando os beijos são serenos e ternos. E o teu olhar se perde, demorada e apaixonadamente, no meu.
Sempre, tenho sempre esta necessidade de ti. Como do ar para respirar. Como do coração a bater. Como do alimento para não morrer.
Louca, pensas. Louca, sim. Por tudo que me fazes sentir. Por tudo que me fazes viver. Por tudo que me fazes acreditar e sonhar e querer e fazer.
Tudo. Desde o que de mais banal um casal pode partilhar às mais insanas entregas e fantasias.
Espero-te.
Sem receio do que hoje possas ser, do que amanhã me irás fazer, do que poderás um dia vir a matar por culpa do que quer que seja.

Hoje espero-te. Como nunca por alguém, ou por ti, já antes esperei...


18.Jan.2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Distância




Distância, falo de distância.
Uma palavra que traz um fardo demasiado pesado quando pronunciada.
Sei que não gostas que a mencione, mas a cada dia que passa, está sempre, sempre mais presente.
Talvez por culpa da vida carregada de rotinas demasiado ordenadas em horários escrupulosamente cumpridos.
Talvez por culpa nossa. Minha e tua.
Não, os carinhos que me fazes não são suficientes. São feitos de forma automática, mecânica, gestos repetidos sem o calor humano. Sem o carinho e amor que já foram habituais.
Distância, a isto chama-se distância.
Um estar, não estando.
Uma presença imperceptível, vaga, sem partilhas.
As conversas são mais triviais que as partilhadas num qualquer chat de internet. Menos aliciantes, mais frívolas. Menos entusiasmadas, mais desengraçadas.
Menos, simplesmente menos.
E como custa ser o "lado menos" numa relação.
E num ápice, tudo fica sem interesse. Está-se por estar. Fica-se por ficar. Por hábito, mas muito, muito mais, por não querer admitir que a distância ganhou terreno e, ao contrário do que significa, está mais perto, mais presente, mais viva que é em nós.
E é está a distância que mais dói. Que mais destrói. Que mais quero evitar...



14.Jan.2016

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A ti Mãe... III



Mais do que a tua falta, dos teus beijos ternos e carinhosos, dos teus abraços acolhedores e protectores, das tuas palavras simplesmente sábias; sinto falta dos teus pormenores.
Daqueles detalhes que são tão e apenas teus.
Dos teus olhos de um azul acinzentado como o céu depois de uma chuva de Outono.
Das tuas unhas perfeitas mesmo que nunca desses trabalho às meninas que insistem em nos colorir com o verniz sensação da estação. (E a inveja que tenho disso: as minhas não passam de uns gafanhos tortos e quebradiços.)
Do teu cabelo com uns trejeitos que te tiravam do sério por não ser liso ou encaracolado: andava ali no meio, ondulando ao sabor da sua própria vontade.
Da tua voz... De te ouvir chamar por mim, com aquele tom que apenas quem ama incondicionalmente tem.
Do bater do teu coração, de encostar o ouvido ao teu peito e tudo no mundo parar, de todas as dores, as minhas dores, sararem.
Sinto falta de te saber perto, presente e constante na minha vida.
Sinto falta de (me) partilhar cada lágrima sombria e cada lágrima de alegria.
Sinto falta de tudo em ti. E começam-me a faltar os pormenores de ti.
Mas nunca, nunca te esquecerei e para sempre te amarei.
Porque nunca, mas nunca se esquece quem nos deu a vida...


13.Jan.2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Já não te amo?




Já não te amo.
O meu coração não se descompassa com a tua presença.
Os meus olhos já não brilham com o teu sorriso.
O meu corpo já não vibra pelo teu toque nem a minha boca anseia pelo sabor da tua.

Os dias deixaram de ser passados contigo no pensamento.
Apenas me assaltas o pensar em tarefas quotidianas e enfadonhas.
Obrigações. De quem vive e partilha um espaço, uma mesa de refeição, uma cama.
Dois corpos que encarceram duas almas que se pretendem livres.

Passou a paixão, fica a rotina.
Passou a espontâneidade, instalou-se o politicamente correcto.
Passou o desejar a dois, fica o conformismo num ritmo que já não traz nada de imprevisível.

Já não te amo?
Sim, amo. Eu ainda vejo em ti o que me cativou e conquistou.
Eu não gosto é naquilo em que transformamos a nossa vida a dois...



12.Jan.2016