quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A ti Mãe... III



Mais do que a tua falta, dos teus beijos ternos e carinhosos, dos teus abraços acolhedores e protectores, das tuas palavras simplesmente sábias; sinto falta dos teus pormenores.
Daqueles detalhes que são tão e apenas teus.
Dos teus olhos de um azul acinzentado como o céu depois de uma chuva de Outono.
Das tuas unhas perfeitas mesmo que nunca desses trabalho às meninas que insistem em nos colorir com o verniz sensação da estação. (E a inveja que tenho disso: as minhas não passam de uns gafanhos tortos e quebradiços.)
Do teu cabelo com uns trejeitos que te tiravam do sério por não ser liso ou encaracolado: andava ali no meio, ondulando ao sabor da sua própria vontade.
Da tua voz... De te ouvir chamar por mim, com aquele tom que apenas quem ama incondicionalmente tem.
Do bater do teu coração, de encostar o ouvido ao teu peito e tudo no mundo parar, de todas as dores, as minhas dores, sararem.
Sinto falta de te saber perto, presente e constante na minha vida.
Sinto falta de (me) partilhar cada lágrima sombria e cada lágrima de alegria.
Sinto falta de tudo em ti. E começam-me a faltar os pormenores de ti.
Mas nunca, nunca te esquecerei e para sempre te amarei.
Porque nunca, mas nunca se esquece quem nos deu a vida...


13.Jan.2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Já não te amo?




Já não te amo.
O meu coração não se descompassa com a tua presença.
Os meus olhos já não brilham com o teu sorriso.
O meu corpo já não vibra pelo teu toque nem a minha boca anseia pelo sabor da tua.

Os dias deixaram de ser passados contigo no pensamento.
Apenas me assaltas o pensar em tarefas quotidianas e enfadonhas.
Obrigações. De quem vive e partilha um espaço, uma mesa de refeição, uma cama.
Dois corpos que encarceram duas almas que se pretendem livres.

Passou a paixão, fica a rotina.
Passou a espontâneidade, instalou-se o politicamente correcto.
Passou o desejar a dois, fica o conformismo num ritmo que já não traz nada de imprevisível.

Já não te amo?
Sim, amo. Eu ainda vejo em ti o que me cativou e conquistou.
Eu não gosto é naquilo em que transformamos a nossa vida a dois...



12.Jan.2016

XXIX Verdade Irrefutável




Enquanto me caírem lágrimas dos olhos, fica feliz.
No dia em que nada do que faças ou digas as façam escorrer pela minha face, já nada me importará. Já tudo o que nos une estará morto...



12.Jan.2016

Já não me importa



Sabes, agora já não me importa.
Já sou outra mulher, muito diferente da que conheceste e, no que agora parece um passado longínquo, amaste.
Como o passar dos dias não são contabilizados. Como passamos a olhar para o nosso tempo como demasiado, demorado, quase sempre igual. Ano após ano.
E como me fui submetendo a vontades mais tuas que minhas.
E como pensei que isso nos faria felizes.
E como estava errada: anularmos-nos nunca traz felicidade. Nunca.
E como fiquei ali, perdida, estagnada, adormecida nos dias de uma vida com nada de diferente.
Um parar no tempo que só percebi mais tarde.
E não, não fui eu que mudei.
Não, eu apenas acordei.
Porque sou mais do que tinha. Porque quero mais do que sou.
Porque ainda há tanta vida a descobrir. Tantos novos sabores a tentar experimentar.
E tu? Porque não me quiseste acompanhar?
E tu? Porque quiseste naquele marasmo sempre igual continuar?
Sabes, agora já me importa.
Dei o passo em frente, rumo aos meus sonhos e desejos de (me) crescer.
Hoje, sou mais do que alguma vez sonhaste...




12.Jan.2016