segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

No silêncio de mim


É aqui, no silêncio de mim,
Que tudo faz sentido,
Que os ruídos desaparecem
No escuro da solidão.

Entro em mim,
De forma profunda,
Numa análise introspectiva
Como quem pára de viver.

Suspendo-me a respiração,
Sufocando lágrimas de,
Quase, aflição,
Num corpo onde
Já não há
Lugar para um coração.

Olho-me,
De fora para dentro,
Dos olhos do rosto,
Para os olhos da alma.

E que vejo?

Uma simples mulher,
Perfeitamente (im)perfeita:
Receios (in)fundados
De não (te) conseguir ser feliz.

Não me vejo sozinha,
Que ninguém nasce para ficar só.
Vejo-te em cada cena,
Em cada sonho,
Em cada fantasia,
Desta minha vida pequenina.

Vejo-me como parte de ti.
Vejo-te como parte de mim.

Sou de ti indivisível,
Inseparável
Enquanto me queiras...
Mas amar-te-ei,
Porque não há outra maneira,
Até ao fim dos meus dias,
O resto da minha vida inteira!



11.Jan.2016

sábado, 9 de janeiro de 2016

Danças-me?



- Danças-me?
E gira e rodopia tendo como seu ponto gravitacional aqueles olhos, de um azul cor de céu.
O tempo nesse momento passa ao ritmo das voltas que dá: velozes, voando demasiado depressa.

- Beijas-me?
E os olhos já não vislumbram nada mais que aquela boca de lábios entreabertos onde a sua língua deseja mergulhar.
O tempo aqui, tem outro correr: é lento até ao preciso momento em que os gostos se mesclam.
- Amas-me?
E a mente já não comanda pois o corpo já só pede para ser tomado, beijado, tocado. Já só anseia pela pele na pele, pelo sexo no sexo e pelo vibrar do orgasmo de se entregar.
E os minutos param, acompanhando o suster do respirar até a garganta libertar o gemer no culminar de um enorme prazer.
- Ficas-te?
E silêncio é a resposta menos desejada.
E o tempo volta a correr na mesma medida de quem acaba de morrer...
Até à próxima dança.



09.Jan.2016

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

(N)As tuas palavras


Há nas tuas palavras
Um duplo sentido,
Invisível à mente
Que, como tu,
Não pense. 

Uma malícia que seduz,
Provoca e dificilmente
Se deixa distrair
Em subterfúgios
Que não seja o de nos fazer
Abrir.

E há uma vontade,
Inequívoca,
De libertar o que de mais profundo,
Mais escondido,
Temos no peito.

E o desejo invade
Na mesma proporção
Que os botões da blusa
Se abrem e desvendam,
De forma falsamente tímida,
Seios perfeitos,
Ansiando por tua boca.

E já não sou eu
Quem comanda,
É a tua voz ordenando
E minhas mãos
Escrupulosamente cumprindo,
Todos os teus desejos e ritmo,
Acelerando ou diminuindo,
Fazendo de mim tua,
Eternamente tua,
Mesmo não me tocando.


06.Jan.2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O meu lugar



É Inverno e a noite há muito que iniciou, disfarçada pelo correr das gentes que, rapidamente, se quer recolher em casa. Que se quer abrigar do sufoco de horários que de si, praticamente, não dependem. Refugiar-se no seu lar, o único local onde podem ser elas próprias, retirar a máscara que colocam como subterfúgio de, aos olhos dos outros, não parecerem perfeitos.
Ou não.
Talvez o dia fora de casa seja o escape a uma vida de amarras que já não se vislumbra como porto seguro. E o regresso impõe o incorporar de uma personagem que se vendeu, e alguém comprou, ao longo de anos em que o instituído sempre foi respeitado. Pior, sempre foi consumido como o correcto. E a noite, em vez de salvadora ou protectora dos amantes, torna-se na sua castradora.
Aqui, no meu lugar, há espaço para tudo: para a dona de casa (im)perfeita, para a mulher doce e preocupada, para a amante arrebatadora e desconcertante. E o meu lugar é onde estou. Comigo e com tudo o que sou. Com as virtudes e as qualidades e os defeitos e as maldades.
Não há máscaras. Já houve, hoje não e cada vez há menos.
Não tenho de agradar a todos.
Não tenho que ser perfeita.
Nem os outros. E se compreendo e aceito atitudes menos correctas dos outros - sim, acredito que poucas são as pessoas que magoam propositadamente, tenho de compreender a mim.
E desde que ao adormecer a Alma esteja tranquila, não há nada a perdoar-me.







05.Jan.2016