segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A cada dia


A noite é de um Inverno igual a tantos outros: o frio faz-se sentir porque o vento tem laivos de bailarino e as gotas de chuva são o seu par.
A música, essa, não importa pois o ritmo é feito pelo cair dos passos de quem foge apressado para o aconchego de casa.
Casa... Esse lugar onde nos encontramos após o correr de um dia de rotinas sempre iguais e repetidas. Onde as máscaras de uma personagem, tantas vezes secundária, caiem e o âmago do ser se expande e se revela tornando-se na personagem principal de um teatro nunca ensaiado e original. Onde os defeitos se agudizam de forma brusca e as qualidades se valorizam embevecidamente por quem nos ama.
E regressar a casa é isto: é ter à nossa espera quem nos aceita sem condenações, quem nos melhora sem limitações.
Ou não.
Porque a cada dia somos diferentes, somos mutantes e apesar do medo de mudar, há momentos em que apenas faz sentido avançar.
Para um novo eu, para um novo lar,caminhando só ou com alguém disposto a acompanhar.


14.Dez.2015

Nem sempre




Nem sempre o silêncio
Significa ausência de palavras:
Há frases ocas,
Clichés vazios de sentido.

Nem sempre a multidão 
Significa ausência de solidão:
Há momentos em que, 
Apesar de rodeados de gente, 
Estamos ainda mais sós. 

Nem sempre o calar
Significa ausência de pensar:
Há pensamentos que nos borbulham na mente
Incessantes,
Em ciclos constantes, 
Tantas vezes (i)mutantes. 

E, quase sempre, 
É no silêncio que mais se diz.


14.Dez.2015

Memórias


Memórias
De um tempo que não volta,
De um tempo que passou
E tudo
Para trás deixou.

Memórias
Escritas nas lembranças
Gravadas de momentos
Até hoje
Irrepetidos.

Memórias
Que fazem de nós
O que somos,
Crescimento obrigatório
De quem vive
Uma vida cheia de sonhos
Mesmo que (in)concretizados.

Memórias
Que escrevemos a cada dia,
A cada hora,
A cada minuto da nossa vida,
Das nossas decisões,
Das nossas opções,
Dos nossos erros
E, sobretudo,
Dos nossos acertos!


14.Dez.2015

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Ciclos






É no nascer do dia que a noite morre. Deixa de se sentir. Permite-se deixar de existir.
E suspensa fica, intermitente num respirar que é quase ausente.
Os olhos deixam de a ver e mantém-se, ao passar dos outros e dos seus olhares, indiferente. Distante. Não-vivente.
As horas deixam-se escorrer por entre os ponteiros de relógios de gentes apressadas na rotina dos dias.
Até que chega o momento de renascer. De voltar a viver. De voltar a sentir.
Tal como eu à espera de ti. Dia após noite. Cíclicos. Repetidos num movimento sempre igual e constante.
Ciclos a que já me habituei...


01.Dez.2015