segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Dicionário de coisas simples XXIII


E o medo?
O medo é o sentir que se esvai
Enredando o pensamento
Do que é (im)possível.

E o vazio?
O vazio é o corpo cheio
Dessa sensação invasora
Da ausência que se sente.

E o perder?
O perder é sentir fugir por entre os dedos
A razão da alegria de se viver
Uma vida de coração cheio.


30.Setembro.2015

Sentem



Sentem
Nos corpos o
Frenezim do
Toque da ponta dos
Dedos que
Percorre a
Pele que se
Arrepia e
Estremece numa
Entrega absurdamente
Insana de dois
Amantes que se
Sorvem.

(Enquanto o
Corpo assim
Vibrar.)


23.Setembro.2015

Dias assim...




Há dias assim.

Em que os dias lhe parecem passar ao lado. Do outro lado da vida, do outro lado do que é.
Como se nada se passasse, nada vivesse, o tempo parasse.
Suspensa num respirar autónomo, num bater de coração sistemático, num não pensar.

Num não viver.
E tudo é igual.
E tudo não deixa de ser o mesmo de um ontem idêntico ao amanhã.

Rotinas previsíveis de horas constantemente similares.
Cheias de um vazio que contrai, aperta e esmaga o peito. O peito não, a alma.

E sente-se pequena. Demasiado pequena.
E sente-se inútil, demasiado substituível, demasiadamente invisível.

E a vida não pode ser vivida assim: numa solidão que a torna vulgar. Igual a tantas outras pessoas que vivem sem sonhos, sem esperança, sem a vontade de mudar.

E ela não é isto.
E ela é tanto mais que isto. Tanto mais para dar... Para ser e para viver.

Basta que o coração vença a inércia da tristeza que a vai invadindo.
Basta que o sorriso volte aos seus lábios e os olhos brilhem de emoção perante quem ama. Perante quem A ama.

E os dias mudam. Deixam de ser assim...



18.Setembro.2015

Procuro palavras




Procuro palavras
Perfeitas,
Que possam definir
O que há dentro do meu ser.


Procuro palavras
Cheias de todo este sentir
Que me invade sem que eu saiba,
Sem eu querer.


Procuro palavras
Demonstrativas,
Exemplificativas,
Deste sentimento
Que me preenche
E me esvazia.

Procuro palavras
Que possa assumir como minhas,
Apenas por mim escritas,
Apenas por mim sussurradas
E espalhadas ao vento,
Numa tentativa de me (fazer) perceber,
E me (fazer) compreender.

Procuro palavras
Que não sejam banais,
Que possam ser um sim e um não,
Que possam ser uma certeza incerta
E uma certa incerteza.
Contraditórias e lógicas.
Emotivas e firmes.
Carregadas de amor e de acreditar,
De incredulidade e fé,
De pesar e solidão,
De alegrias salpicadas de lágrimas de sal.

Procuro palavras
Que me definam
Nesta bipolaridade de sentires
Que me invadem sem precedentes,
Nesta dualidade de pensamentos
Que fazem de mim única,
Imperfeita,
E sobretudo,

Humana.


19.Setembro.2015