segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Voar



Voar nos braços de quem (se) ama... Mesmo sem sair do chão.
Quando o corpo descansa ao lado do teu, sonhar é quase obrigatório. E haverá algo mais sublime que deixar a mente vaguear por entre palavras feitas de sonhos que são vividos ao mais ínfimo pormenor?
Detalhes que vamos construindo a cada passo dado a igual distância: nem mais à frente, nem mais atrás. Igual. Porque somos dois em uníssono. Porque somos ambos feitos do mesmo querer e, sobretudo, do mesmo partilhar.
E como gosto de me partilhar contigo. Mesmo os meus mais infundados receios.
Porque contigo não há medos, não há incertezas, apenas um caminho a construir, uma vida a dividir e sentimentos a multiplicar e a somar a tudo que já temos. A tudo que já conseguimos.
E tu fazes-me imensamente feliz. E contigo (quase) nada me pesa e a vida passa leve, como se voasse em mim.
E não é isto voar nos braços de quem (nos) ama?


08.Outubro.2015

E o silêncio volta a reinar



E o silêncio volta a reinar.
E o falar volta a ser abafado pelo som do calar. E tudo se volta a engolir, num ciclo vicioso de falar e não parar e de calar para não (nos) magoar.
E estas são as decisões que incham o peito que passa a parecer louco, demasiado apertado e quase a rebentar.
E o sufoco começa. E tudo na mente é um turbilhão de quereres e deveres, entre o certo e o errado, o que podemos e, sem dúvida, não desejamos.
E as atitudes são o que são, feitas de momento carregadas de razão ou de (apenas) emoção.
E não podemos ser tudo, misturado e sempre certo? Não. Não podemos e temos de dividir-nos entre o que somos e o que desejamos. Entre o que vemos e o que em nós projectam(os).
E afinal somos tantos e tão diferentes e no fundo todos iguais: com receios de não acertar e a certeza que vamos, quase sempre, falhar.
Pelo menos aos olhos de alguém a quem jamais queremos ferir, a quem queremos agradar...



07.Outubro.2015

Aguardar


Aguardar. Vou aguardar por ti.
Sem a pressa da ansiedade que por vezes me domina o pensar.
Sem o receio infundado em sinais de algo nunca vejo a acontecer.
Sem que o corpo se canse da tua ausência.
Sem a alma se perca na solidão do teu não estar.

Aguardar. Vou aguardar por ti.
Com a vontade em revolta pelo tempo que te demoras.
Com a certeza que tenho do sentir que te une a mim.
Com o corpo despido de toda a insegurança.
Com a alma cheia de tanto que tenho para te contar.

Aguardar. Vou aguardar por ti.
Que venhas no tempo que te impõe o ritmo dos passos, da vontade, do querer, do sentir.
Do quanto e quando me possas amar.
Plena e (im)perfeitamente.
Como só tu sabes.
Como só tu podes.

Aguardar. Vou aguardar por ti.


07.Outubro.2015

Calar. Silenciar


Calar. Silenciar.
Não proferir qualquer palavra. Qualquer som. Quaisquer frases que possam, deliberadamente, transmitir opiniões.
Sobre o que quer que seja. Sobre tudo e qualquer coisa. Sobretudo sobre o estado das pessoas. Sobre os sentimentos.
Calar. Silenciar.
Porque são poucos os que se importam.
Porque são cada vez menos os que (realmente) prestam atenção.
Porque os que se preocupam, os que nos compreendem de verdade, sabem ler no olhar, nos lábios que se cerram e nos sons que não se propagam pelo ar.
Calar. Silenciar.
E só mostrar quem realmente somos, o que verdadeiramente pensamos, a quem nos sente sem necessitar de perguntar...


06.Outubro.2015