segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Como quem ama a vida

 
 
 
A noite há muito que impôs a sua cor no passar de horas lentas e silenciosas.
Lá fora, nada mora para além da ausência dos sons de vida corrida, feita por entre momentos ora rápidos e rotineiros, ora demasiado marcados e, para sempre, na memória guardados.
O cheiro da chuva entranhado no alcatrão da rua mistura-se com o odor da terra molhada, numa mescla única que invade o ar de mais um dia de Inverno.
 
Aqui, dentro deste quarto, o Inverno também se sente. Nesta cama vazia, de ti ausente.
 
E o corpo, inerte, deixa-se embalar por esta nostálgica solidão decorrente que, mesmo subtil, está sempre presente.
E estas são, as horas, os minutos que mais se sentem. Os que precedem a tua chegada. Os que anseio mais depressa passem e, pelo contrário, demoram a eternidade desta vida e de toda a próxima.
E o coração bate, quase desmesurado de tanta vontade de te sentir a presença e me voltar a fazer (re)viver. E o sangue regressa, quente, a percorrer cada pedaço de mim, como os teus dedos, loucos, num intenso frenesim.
E a pele, arrepia-se ao imaginar o som do teu desejo por mim, num sussurro que só quem ama decifra.
 
E eu amo-te. Como quem ama a vida e o ar que respira.
 
 
02.Fev.2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Odeio

Odeio,
Quando nos deitamos sem um abraço, numa cama já fria.
Odeio,
Quando os nossos corpos, vestidos, não se entrelaçam.
Odeio,
Quando não posso dizer que te amo, com toda a força do meu ser.
Quando não queres ouvir que te pertenço, que vives em mim e que me és vital como o ar que respiro.
Odeio.
Odeio,
Quando os dias terminam e eu fico vazia, com esta saudade de ti que nunca de mim se liberta.
Odeio,
Amar-te assim,
Tanto mais que a mim.
 
 
23.Jan.2015

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Permitir

Permitir
Que a pele se liberte,
Se solte no deliciar
Do percorrer dos dedos
Que junto com os meus
Me desvendam os segredos.

Permitir
Que o corpo estremeça,
Culpa do desejo
Que me invade
As fantasias
E que em mim
Tornas realidade.

Permitir
Que o prazer seja o último limite
De cada vez que juntos
Nos tornámos num só,
Unidos pelo querer
Feito de loucura,
Desejo,
Intenso de um sentir
Que ultrapassa o carnal,
Que faz acreditar
Que viver só tem sentido,
Se for para te amar.

Permitir
Que o corpo descanse nos teus braços
E que a minha Alma,
Do teu peito,
Faça a sua casa.


 
22.Jan.2015