terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Saborear a pele

Saborear a pele.
Sentir o quente da boca molhá-la.
Deslizar a língua e ter o gosto na boca.
Cerrar os lábios e deleitar-me.
Encher-me desse sabor que me faz a mente vaguear,
Que me faz o corpo delirar.
Memórias que se sentem na pele.
Recordações que aí ficam gravadas.
Com esse gosto.
Com esse teu apertar das mãos na minha carne.
Com esse nosso odor de corpos húmidos do
Fruto que é desse prazer que não se explica.
Com todas as gotas dessa entrega que a cada dia é única.
Saborear-me a pele.
Impregnada de ti.
13.Jan.2015

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Respiro

Respiro,
Deste ar que me corta a voz,
Frio e gélido,
Compactuante e companhia
De cada alma vazia.

Respiro,
Deste ar que se entranha na pele
Que irrompe por mim adentro,
Que me invade
E me esventra o sentir.

Respiro,
Este ar que cheira à morte
Da felicidade sonhada e vivida,
Jamais repetida,
Nunca mais alcançada,
Num viver carregado de não vida.

Respiro,
Este ar que não me alivia
A dor de não sentir,
O pesar de cada dia passar sem eu pedir,
Que me amarram e sufocam
E o sangue impedem de correr.

Respiro,
Este ar que não quero,
Nesta vida que não é a minha,
Nesta letargia
De quase morrer
Sem a alegria por companhia.
 
12.Jan.2015

Dormir

Há dias em que apetece nada mais que dormir. Dormir o dia todo, sem sentir o passar desses minutos lentos e demasiadamente demorados.

Dormir sem que a luz do dia e o calor ameno do dia se façam sentir.

Não abrir os olhos e não te ver. 

E mesmo que te sinta o respirar, adormecer os sentidos e não te sentir o odor, o calor do corpo.

Não quero voltar a sentir a pele arrepiar-se. Nem a mente a viajar por entre os fantasiosos delírios do passar dos teus dedos. Nem o corpo vibrar desse prazer único que apenas tu me fazes sentir.

Dormir para não te sentir voltar a partir.
 
 
12.Jan.2015



terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Em jeito de mensagem de Ano Novo

Não há tempo como o tempo das emoções: é único e sem medida possível de ser medida.
Quase como a maré de um rio que sempre corre sem cessar e que sobe e desce sempre, sempre sem parar.
E as emoções são impossíveis de medir. Como medir a emoção que nos provoca o olhar da pessoa que amamos?...
Como medir a emoção que um beijo na boca, apaixonado nos provoca? E o tempo que demora?
Demora o tempo em que o gosto fica guardado no meu paladar? Ou demora o tempo que o separa de um outro beijo? Ou demora o tempo que o vou gravar na memória?
Ninguém sabe o tempo que demora. Demora diferente de mim para ti e de ti para outro alguém.
E as emoções são sempre tantas... E este foi um ano de emoções. De coisas menos boas, mas de muitas mais boas.
Foi um ano de revelações: de alguns mas, sobretudo, minhas. De me conhecer, de me saber, de aprender e de crescer.
E a cada novo ano aprendo que a vida é demasiado efémera para desperdiçar com a emoções que nos fazem menos bem, que nos puxam em vez de elevarem, que nos derrotam em fez de nos fazerem vencer. Emoções que pretendo e faço com que sejam de tempo curto – já que não as posso evitar ou fazer desaparecer.
E a cada novo ano cresço como pessoa melhor que ambiciono ser e tornar-me cheia daquelas emoções que se pretendem reviver e fazer demorar, se possível todos os dias até morrer.
Emoções que se mantenham suspensas no tempo, disponíveis para serem abraçadas e nos fazerem viver.
Emoções carregadas de esperança. Cheias de Amor. Plenas de felicidade. Sorrisos e lágrimas de tanta e imensa alegria.
E nada disto seria possível sem ti, que a cada dia me acompanha, “vive” os meus dias e me ajuda.
E é isto que te desejo, nada menos que isto: emoções que perdurem no tempo sem tempo.

FELIZ 2015