quarta-feira, 4 de junho de 2014

Quando me calar



Hoje o rio avança ao contrário, enche-se de si mesmo e deixa-se acaríciar pelo vento que se se esplana por ele adentro num ritmo que não se define, dançado a dois compassos.
Os passos de quem passa contrariam essa corrente, vagueiam sem destino concreto e sem pressa, sem essa premente vontade de chegar e só o sol de um Verão que tarda lhes dá, aos rostos impávidos e serenos, alguma vida, alguma alma.
Cá dentro, o vento não se sente, o sol não aquece e o rio não mostra a força que tem.
Mas algo me invade. O som do bater deste coração que sente, que deseja e que vive. Um som que me impede de parar, que me hipnotiza o pensar nessas batidas (des)compassadas ao sabor das emoções que são parte de mim.
Por vezes apetece parar, desistir e deixar de me obrigar a ouvir o soar da vida que me pesa nos ombros, que me sobressalta os sonhos, que me faz andar em revés. Deixar que páre de bater, que páre de sentir, que se encolha, pequenino e não se distenda e o sentir que diminiu com ele, quase desaparecido.
Mas há o amor. Esse sentir que nos arrebata, que nos faz olhar a vida e lutar, muitas vezes, numa guerra à partida, perdida. E insistimos. E resistimos. E tantas, muitas vezes conseguimos um amor fortalecido, empenhado e decidido em avançar num futuro de compromisso, de vida partilhada.
E é este amor que me preenche, que desejo e que almejo, com altos e baixos e ajustes a ambos os lados.
Sei que não sei calar quando mais precisas. Sei que não sei falar da forma mais meiga. Sei que rebato os assuntos quase à exaustão. Sei... Sei que não sou perfeita e longe disso fico.
Mas sei que te amo, desta forma que é a minha, intensa e estouvada.
Porque te amo por completo.
Porque me completas.
Porque sei que ao teu lado cresço.
Porque quero que resultemos.
Porque acredito.
Porque quando me calar, nesse momento, nada mais há a salvar. Deixou de haver acreditar.



02.Junho.2014

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Desistir



Por vezes apetece apenas desistir.
Como quando a brisa chega e a folha deixa de resistir. Apenas planar, deixar-se levar.
Apenas viver, deixar de me importar, ver os dias a passar...


02.Jun.2014

É no teu corpo

 


É no teu corpo
Que o meu se entrega,
Inebriada pelo teu cheiro,
No teu gosto viciada.

É no teu corpo
Que o meu se transforma
De menina doce e delicada
Em mulher fatal,
Ousada,
Por ti insana.

É no teu corpo
Que o meu sente
Todos os desejos concretizados,
Fantasias realizadas,
Por entre abraços e beijos,
Por entre as tuas estocadas
Dentro do meu ventre,
Que se entrega descontrolado,
Ao ritmo que imprimes,
Ao sabor do teu desejo,
Vertendo o seu líquido
De prazer incontido.

É no meu corpo
Que te recebo,
Imponente, soberano,
Senhor do meu deleite,
A ti,
Por inteiro,
Eu pertenço.
 
 
30.Maio.2014

Guiada

Quero ser guiada
Pelas tuas mãos presas nas minhas
Por caminhos que desconheço,
Por novas e ousadas estradas
Feitas de sonhos e de sorrisos fáceis,
De um amor que nos dá forças.

Quero perder-me
Por entre os odores
Que te denunciam a presença,
Que te fazem chegar a mim muito antes de ti.

Quero deixar-me ir
Por pensamentos que deixo calados
Em lábios que beijas
Sem medos,
Por entre olhares que falam
De tudo e de nada,
E me confortam,
Protegem,
Me fazem sentir amada.

Quero mais,
Quero tudo,
Quero sempre,
Agora, que logo é tarde demais,
Esse teu me adorar,
Junto com o meu te amar,
E viver,
Sem receio do que há-de vir,
Sem medo do que pode acontecer,
Pois não há nada,
Que contigo não enfrente,
Que contigo me faça temer.
 
 
 
29.Maio.2014