segunda-feira, 7 de abril de 2014

Procuro

 


Procuro pedaços de mim
Espalhados pelos dias
Que passsam,
Sem demora, sem fim.


Percorro por entre
Estilhaços de um eu
Que não se percebe,
Que, por vezes,
Parece que se perdeu.

Encaixo as peças soltas
Em puzzles imensos
De partes de vida,
De sentimentos,
Que me deixam sem mim,
Perfeitamente oca.

Alinhavo todos os feitos
Que nada produziram,
Em análise dos sonhos
Que perdidos se tornaram.

Cozo usando as linhas
De um pensamento,
Num caminho que percorro,
Turvo e cego,
E ainda que com receio,
Avanço sob o desconhecido,
Deixando o passado ficar,
Imóvel e guardado,
Num canto do que já foi
O meu ser.

Reato laços invisíveis
Com o sabor do querer,
Com a força do fazer,
Com a esperança da vontade,
De querer,
Que o coração,
Volte a bater,
Que o corpo volte a sentir,
Que a Alma volte a acreditar,
Que a vida,
Vale a pena viver.


 
 
 
31.Mar.2014

A pele comanda

 


Hoje a pele comanda
Todos os sentidos,
Guiada pela vontade
De me perder nos teus gemidos,
Ousados,
Desvairados,
Pelo ritmar do teu corpo
No meu entrando
Sob o lema do pecado,
Do toque,
Da luxúria de te pertencer,
De em ti,
Por ti,
Desvanecer
De tanto e imenso Prazer!
 
 
 
28/.Mar.2014

Adieu

 


 
Há ausências despercebidas, de quem entrou e saiu da nossa vida, como se a visão estivesse turva e há apenas uma memória que se apaga, mais e mais, a cada dia. Passagens superficiais, em conversas circunstanciais e de importâncias banais.
Há ausências que nos marcam, que deixam em nós vazios que, bem dentro do peito, sabemos, jamais serão preenchidos.
Partidas que não levam consigo o regresso, que são vazias do retornar aos que já se pertenceram. São caminhos sem volta, sem a vontade de, de novo calcorrear, trilhos outrora desconhecidos e agora carregados de rotinas instaladas. Ou da não vontade de andar lado a lado e descobrir novos sonhos, de mão na mão ou braço dado.
Mas depois, depois de todas as ausências, depois de todas as partidas, há a tua.
A tua Ausência. A tua partida.
E dói. De cada vez que recordo, dói.
Aqui, no peito que por ti foi habitado. No coração que a ti foi devotado.
E as saudades. E as lembranças.
E as palavras trocadas sem promessas realizadas, sem sonhos concretizados, sem realidade acontecida.
Nunca um sentimento foi tão puro e verdadeiro.
Nunca a vida foi tão (im)perfeitamente vivida.
Resta um punhado de simples e pequenos nadas.
E a falta de recordações que atestem tudo o que não foi e poderia ter sido.
 
 
 
26.Mar.2014

Horas mortas

É no silêncio
Das horas mortas
Carregadas de vida
No passar de quem não mora,
Não habita cá dentro,
Que me encontro
Só e vazia
De todos os sentires
Que alguma vez
Já senti.

É no passar dos dias
Que, olhando ao espelho,
Vejo apenas um rosto
Carregado de desejo
Que não se mostra,
Inundado de pejo
Por se sentir perdido
Neste maranhal de gente,
Incompreendido.

É na ausência de palavras
Que o teu falar
Mais me diz,
Tranformando olhares
Em rimas de versos
Soltos ao sabor de um sentir,
Que apesar de ler,
Apesar de nele acreditar querer,
Me parece difícil de acontecer.

É na tua presença
Que me entrego,
De forma isenta de teatros,
De máscaras criadas em palcos
Que não são meus.
É na tua presença
Que me mostro,
Sem medo da recusa,
Pleno de sinceridade,
De corpo e Alma abertos,
Desnudada de todos
Os artifícios.
Insegura,
Carente,
Sedenta do teu amor,
Com fome do teu abraçar e
Do teu me proteger.

É no silêncio
Das horas mortas
Que quero no teu peito,
Adormecer
E, de novo criada,
Renascer.


25.Mar.2014