segunda-feira, 7 de abril de 2014

Horas mortas

É no silêncio
Das horas mortas
Carregadas de vida
No passar de quem não mora,
Não habita cá dentro,
Que me encontro
Só e vazia
De todos os sentires
Que alguma vez
Já senti.

É no passar dos dias
Que, olhando ao espelho,
Vejo apenas um rosto
Carregado de desejo
Que não se mostra,
Inundado de pejo
Por se sentir perdido
Neste maranhal de gente,
Incompreendido.

É na ausência de palavras
Que o teu falar
Mais me diz,
Tranformando olhares
Em rimas de versos
Soltos ao sabor de um sentir,
Que apesar de ler,
Apesar de nele acreditar querer,
Me parece difícil de acontecer.

É na tua presença
Que me entrego,
De forma isenta de teatros,
De máscaras criadas em palcos
Que não são meus.
É na tua presença
Que me mostro,
Sem medo da recusa,
Pleno de sinceridade,
De corpo e Alma abertos,
Desnudada de todos
Os artifícios.
Insegura,
Carente,
Sedenta do teu amor,
Com fome do teu abraçar e
Do teu me proteger.

É no silêncio
Das horas mortas
Que quero no teu peito,
Adormecer
E, de novo criada,
Renascer.


25.Mar.2014

terça-feira, 1 de abril de 2014

Hoje viajo ao som de...



Amigos como sempre
Dúvidas daqui pra frente
sobre os seus propósitos
é difícil não questionar.

Canto do telhado para toda a gente ouvir
os gatos dos vizinhos gostam de assistir.

Enquanto a musica não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
e não percebo porque não esmorece
ao que parece o meu corpo não se esquece.

Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (2x)

Levei-te à cidade, mostrei-te ruas e pontes
Sem receios atrai-te as minhas fontes
Por inspiração passamos onde mais ninguém passou
Ali algures algo entre nós se revelou.

Enquanto a música não me acalmar
não vou descer, não vou enfrentar
o meu vício de ti não vai passar
não percebo porque não esmorece
será melhor deixar andar
Será melhor deixar andar
Não me esqueci, não antevi, não adormeci, o meu vício
de ti (3x)

Eu canto a sós pra cidade ouvir
e entre nós há promessas por cumprir
mas sei que nada vai mudar
o meu vício de ti não vai passar, não vai passar...

terça-feira, 25 de março de 2014

Em mim

É nos meus braços
Que apaziguas o desespero
De um coração abandonado,

Para além do corpo largado
Que, inerte,
Quase já não sente.
É no meu abraço
Que o ar se torna leve,
Que o respirar se permite
E voltas a ter,
Em ti,
Lugar para viver.

É no bater do meu coração
Que te renovas
E libertas do que passou,
Das mágoas de feridas
Outrora abertas.

É em mim
Que te perdoas,
Que te entregas,
Que te seguras
Para enfrentar todas,
Todas as tuas provas.



25.Mar.2014

Toco

Toco
No corpo que,
Deitado no leito
Do nosso amor,
Relembra o deslizar
Da tua mão,
Conhecedora dos meus caminhos,
Percorrendo-me inteira,
Sem que eu consiga
Dizer não.

Toco
A pele estremecida
Do molhar da tua
Irrequieta e quente língua,
Descobrindo-me recantos,
Incautos,
Escondidos,
Intocáveis até agora,
Deste corpo
Jamais arrependido
Por te desejar a toda a hora.

Toco- me
Copiando o teu ritmo
Neste corpo condenado
Ao imenso delito
De te querer imitar
O intenso dedilhar
Que me inebria o sentir,
Que me turva o olhar,
Que me abafa o falar,
Que me faz apenas articular
Gemidos soltos,
Sem sentido,
E os dedos,
Avançando e recuando,
Num inédito compasso,
Invadindo-me por dentro,
Controlando-me a vontade
De me entregar,
Enlouquecida,
Ao culminar
Do prazer.
 
 
24.Mar.2014