terça-feira, 25 de março de 2014

Viver

 
Melancolia
Estendida,
De dentro para fora,
Da alma para o corpo
Que se ressente
Numa vida
Que se permite,
Apenas,
A respirar.

Saudades
Brotam
Feitas gotas de sal,
Escorrendo no rosto,
Marcando sulcos
Eternizados pelo passar
De um tempo que se demora.

Dor
Cortante,
Num coração que bate,
Dilacerado num peito
Que se estreita,
Que se aperta
Contra o saber
Do que é um perder.

Recordações
Perdendo-se num mar
De névoa baça
Sem que se registem
Os momentos
Mais importantes do que já foi,
Os menos importantes do que teria sido,
Desvanecendo-se
E esbatendo-se das cores
De outrora.

(Re) Viver
Em dias que se fazem
Plenos de certezas
Confirmadas a cada passo
De um futuro concreto,
Criado,
Fundado,
Em novos rumos
E em um
(Ainda)
Maior e melhor amor!
 
 
21.Mar.2014

A pele

A pele
Esta parte de mim
Que não me deixa sem sentir
O toque do tempo,
O passar dos segundos.

A pele que se altera
Ao mais pequeno toque
De brisa no ombro
Despido de preconceitos.

A pele
Esta que se arrepia
Quando o doce sabor dos teu beijos
A inunda de desejos
Que a mente não compreende.

A pele que é permissa
Ao deslizar da tua língua
Molhando-a
Com desenhos de ternura
E laivos de intensa luxúria.

A pele
Esta que me cobre a carne
Que aguça os sentidos,
Anseia pelo prazer
De te ter,
Num emaranhado
Suado,
Da tua pele na minha,
De ti em mim,
Percorrendo-me,
Invadindo-me,
Tomando-me as rédeas
Do comandar-me o prazer.

A pele que me impele
No caminho da perdição
Que é te pertencer,
No sentido do que me diz o coração
Que é amar-te,
Assim,
Plena do que sou,
Inteira de paixão!
 
 
20.Mar.2014

Hoje viajo ao som de...


quarta-feira, 19 de março de 2014

Laços

 

Há laços que nos prendem
De forma irremediável,
Laços que sendo invisíveis
Jamais se soltarão.
Laços que farão parte de nós,
Do que somos,
Entranhados no nosso ser
De forma irrefutável.

Há laços que não sendo apertados
Deixam sempre marcas,
Recordações de tempos idos,
Que vivenciamos a cada passo,
Que sentimos como demasiado vivos.

Há laços que perdurarão
Para lá de todos os tempos,
Para lá de todas as mágoas,
Para lá de todo o amor partilhado
Ou ressentido.

Há laços que mesmo esfiapados,
Que mesmo torcidos ou,
Infelizmente quebrados,
Nos ligarão para sempre.
Laços de um amor infinito,
De um amor que nos preenche
De um calor que nos acalma.
Laços de um amor que emociona
Ao olhar o rosto marcado
Pelo passar da vida,
Pelo passar de alegrias,
De dificuldades,
De sacríficios,
E, muitas vezes,
De desespero por não saber como lidar,
Como gerir ou ensinar.

Há laços que se apertam,
Com a maturidade do passar dos anos,
Com o entimento de não se nascer ensinado,
Com o perceber de que não há,
E nunca haverá,
Maior amor que o que se sente por um filho.

Há laços que não quero perder,
Que não desejo esquecer,
Que sempre lembrarei,
Que olharei com respeito,
Veneração e,
Sobretudo,
Como um exemplo.

Eu amo-te, cada vez mais, meu Pai.
 
 
19.Mar.2014