quarta-feira, 19 de março de 2014

Laços

 

Há laços que nos prendem
De forma irremediável,
Laços que sendo invisíveis
Jamais se soltarão.
Laços que farão parte de nós,
Do que somos,
Entranhados no nosso ser
De forma irrefutável.

Há laços que não sendo apertados
Deixam sempre marcas,
Recordações de tempos idos,
Que vivenciamos a cada passo,
Que sentimos como demasiado vivos.

Há laços que perdurarão
Para lá de todos os tempos,
Para lá de todas as mágoas,
Para lá de todo o amor partilhado
Ou ressentido.

Há laços que mesmo esfiapados,
Que mesmo torcidos ou,
Infelizmente quebrados,
Nos ligarão para sempre.
Laços de um amor infinito,
De um amor que nos preenche
De um calor que nos acalma.
Laços de um amor que emociona
Ao olhar o rosto marcado
Pelo passar da vida,
Pelo passar de alegrias,
De dificuldades,
De sacríficios,
E, muitas vezes,
De desespero por não saber como lidar,
Como gerir ou ensinar.

Há laços que se apertam,
Com a maturidade do passar dos anos,
Com o entimento de não se nascer ensinado,
Com o perceber de que não há,
E nunca haverá,
Maior amor que o que se sente por um filho.

Há laços que não quero perder,
Que não desejo esquecer,
Que sempre lembrarei,
Que olharei com respeito,
Veneração e,
Sobretudo,
Como um exemplo.

Eu amo-te, cada vez mais, meu Pai.
 
 
19.Mar.2014

Sou

 
Sou pele que sente
O calor do teu abraço,
O arrepio do teu toque,
As gotas do teu cansaço.

Sou corpo que deseja
O sabor do teu beijo,
O marcar dos teus dedos
Em momentos de delírio.

Sou pecado personificado
De uma vontade sem limite,
Sou tentação da carne
Inventada, gerada e criada da tua fantasia.

Sou amante que se entrega
Nas mãos do seu senhor,
Sem que o medo a invada,
Sem qualquer receio de dor.

Sou luxúria que se estende
Por corpo,
Pele e mente,
Sou conquista assegurada
Num querer intenso,
Premente,
De te pertencer,
De,
De ti,
Querer sentir prazer!
 
 
17.Mar.2014

sexta-feira, 14 de março de 2014

Percorro


Percorro
Nas memórias do meu ser
O sabor do teu toque,
O sentir do teu gosto,
O movimento da tua mão
Quando desliza na minha pele.

Percorro
Na lembranças em mim escritas
Pela ponta dos teus dedos
Todos os versos de amor,
Descritivos de um sentimento,
Carregados de fulgor.

Percorro
Nas marcas da minha pele
Os caminhos descobertos
Por essa língua que me molha
Que em mim desenha
Sonhos impensáveis
Enchendo-me e provocando-me
A fantasia.

Percorro
No no meio do meu corpo
As sensações que não comando,
Todo esse imenso prazer
De te sentir,
De te ter,
De quando me queres invadir.

Percorro
Nos lábios da boca
Todo o sabor do teu ser,
Alimentando-me de vida,
Secando-me a sede
De te querer tomar,
Todo e em mim,
Esse teu jorrar
De prazer.
 
 
14.Mar.2014
 
 

Tudo vencer



 

A noite cede aos encantos de um raiar tímido e ameno, rendendo-se ao acordar do dia.
O chilrear dos pardais é uma melodia doce e suave apenas interrompida por passos numa calçada que ainda não fervilha de vida.
Cá dentro, pela janela entreaberta, chega o odor a Primavera, a orvalho fresco nas pétalas de camélias e das suas cores pastel e carmim, às perfeitas e pequenas violetas que vibram de cor por entre o redondo verde de folhas sem fim.
Cá dentro o corpo ainda entorpecido de um sono pouco dormido, não acompanha a mente que fervilha de questões e de pensares, ávida por respostas e certezas, que nunca serão, absolutas. Dúvidas que assolam e chegam como um furacão revirando o calmo e rotineiro passar dos dias, revolvendo e dando voltas, trazendo a mudança ao curso (quase) perfeito da segurança de horas iguais.
E a mudança assusta, provoca uma ansiedade que vai invadindo e criando questões na vã luta entre conjecturas e adivinhações sobre o futuro.
 
Mas cá dentro do peito, de mim e deste ser imperfeito que sou, cá dentro nesta Alma, há certezas e não dúvidas, há serenidade e não inquietação, há vontade de viver e não acomodação, há vida e não apenas um sobreviver.
Há um imenso sentir que nunca vai morrer: o meu amor por ti é a certeza do caminho a seguir e de com as mudanças aprender e evoluir, de ao teu lado ser capaz de tudo vencer!
 
14.Mar.2014