sexta-feira, 21 de junho de 2013

Temo


Temo que o som das palavras morra para sempre em mim. Que não voltem a ser proferidas por falta de um sentir que me invada por completo. Por falta de uma emoção que me comova e revolva cá dentro, dentro do corpo, nas minhas mais profundas entranhas.
Temo que a minha língua deixe de saborear cada ponto de exclamação que me ofereces no teu beijar. Que as minhas mãos não sigam cada compasso de reticências que me aumentam o desejar descobrir mais um recanto do teu amar. Que a minha boca deixe de te sugar todos os pontos finais de um prazer que não tem igualar. Que o meu olhar deixe de te falar de entrega e paixão, de te pertencer e te querer.
Temo que um dia deixes de me escrever e eu não tenha mais palavras para ler, para viver e morra sem verdadeiramente morrer, calada, sem palavras para (te) dizer.
18.Jun.13

Nunca te esquecer

 
Há um murmurar que balança ao som de uma brisa quase inerte que quase se sente no rosto.
Um murmurar de sons de rio que corre incontroladamente devagar feito espelho, de risos em lábios colados na boca de outro, de mãos que se entrelaçam em dedos sedentos de pele.
Um murmurar que lembra o cheiro das gotas de mar salgado na pele suavemente estendida sob a areia quente de um ameno Verão. Que traz à boca o sabor de pêssegos maduros e dos seus sucos num desaire de dedos lambidos. Que recorda o odor de um cheiro adamascado e de sândalo mesclado com a tua pele.
Há um murmurar que chama por mim, que me recorda o teu abraço, o teu beijo, o teu sabor e o teu amor por mim.
É uma prece que se repete a cada dia, a cada momento em que as horas param, a cada minuto em que os únicos sons que se sentem, são a tua voz gravada no meu ser, na minha memória, a relembrar, a suplicar, para nunca te esquecer...

18.Jun.13

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Irracional Sentimento

 
A manhã vai passando no seu passo ritmado de horas habituadas a esse compasso.
Por mim passam sem pressa alguma, tornando-se demasiado lentas e fazendo-se acompanhar de uma estranha solidão.
Uma solidão carregada de vazio. Poderia ser de tristeza, melancolia, saudades.
Não. Apenas solidão vazia. Cheia de si própria.
Enchendo-me de si.
Invadindo o meu espaço, amarfanhando-me o espírito perante a sua força dissimulada e impossível de ignorar. Ocupando cada lugar do meu corpo com todo o seu peso etéreo e no entanto, quase palpável.
Uma solidão que se impõe e entranha e me vicia.
De viver os dias por apenas se respirar, por apenas o coração bater e fazer correr o sangue da vida nas veias.
E a cada dia a força do rio é menor e o seu brilho mais negro e vazio de vida, as flores deixam de ter os odores que exaltam os sentidos, o vento deixa de me acarinhar o corpo e a paisagem de roupas nas varandas já são quase cor de cinza.
Tudo definha ao sabor do meu tempo comandado por esse estranho, absurdo e irracional sentimento.

14.Jun.13

terça-feira, 11 de junho de 2013

Há um grito

Há um grito
Que se acalma
Dentro do meu ser
A cada dia que ultrapasso,
A cada hora que desfaço
Em minutos de tempos
Parados.

Há um grito
Que se cala
Nesta boca que é minha,
De lábios pálidos fechados
Em sons que tudo dizem
Sem palavras.

Há um grito
Que sufoco
Suspenso no ar
Que respiro
E que não liberto,
Guardado,
Acumulado
No peito.

Há um grito
Que deixo perdido
No sal de lágrimas
Que só eu provo,
Que só e abandonado
Morre assim,
Perdido,
Enterrado,
Não gritado!


11.Jun.13