quinta-feira, 2 de maio de 2013

Deste lado


Cores doces e amenas invadem o dia acompanhando o crescente aumento de passos que percorrem o pitoresco da cidade.
Vestes penduradas nas janelas disfarçam as fachadas tristes e escuras, carregadas de lágrimas e risos de dias vividos entre elas. Tornam-as vivas de movimentos esvoaçantes ao sabor de uma brisa que cheira ao intenso odor da Primavera das laranjeiras em flor.
O rio corre aparentemente sereno num espelho onde tudo se reflecte para além do óbvio e que apenas o lançar e cair das bóias de uns poucos pescadores perturbam por breves instantes.
Deste lado, a vida corre falsamente calma no olhar que tudo observa.
Há um desejo de ser tomada por essa intensa e tentadora serenidade na tentativa de acalmar esta mescla de cores fervilhantes como o sangue que me corre nas veias, palpitante de vontades que me dominam o querer.
É como se fosse o teu abraçar, onde me entrego sem pensar, onde a minha pele obedece ao teu ritmo e ondular, ora forte ora um deslizar, agora fonte revolta a brotar e depois apenas gotas salgadas de suor, onde depois tudo parece parar e eu, o meu corpo e a minha mente, ficam em ti, a flutuar.
E eu anseio em ti descansar...
 
1.Maio.13

Hoje viajo ao som de...


terça-feira, 30 de abril de 2013

Ânsia



Há uma ânsia crescente em mim,
Que me denuncia a vontade,
Pelo olhar que te pousa na pele,
Pela boca que se entreabre
No desejo de em ti mergulhar.
Um querer que se expressa
Sem sons ou palavras,
Apenas um perceber
Que se sente no ondular
De cada um dos meus passos.
Uma entrega antes de me dar,
De me entregar aos teus desejos,
De me deixar subjugar aos teus caprichos,
De me te dar sem limites ou medos,
De seres e existires em mim,
Sem precedentes,
Desde sempre.
 

28.Abr.13

Desperto


E o Domingo inicia de forma lenta e lânguida como o corpo que agora desperta.
Na janela pardais disputam folhas e pequenos ramos de arbustos para aconchegarem os ninhos que vão construindo e as gaivotas vão sobrevoando os telhados dos prédios vizinhos e param, olhando sem questionar a azáfama dos ramos das árvores ondulando ao sabor do vento.
Hoje não há risos de crianças na rua, nem passos céleres nas pedras da calçada.
Hoje, quase todos parecem dormir ou deixar-se levar por este estranho silêncio de pessoas, talvez não o querendo perturbar ou apenas o desejam contemplar.
Aqui, a manhã vai já alta sem esperar ou se preocupar com o ritmo vergonhosamente desacelerado do meu acordar, numa evidente ausência de vontade em querer daqui sair.
Uma inércia apodera-se do meu ser acompanhada das memórias que me invadem os dias. Recordações gravadas tanto na Alma como na pele, tanto no paladar como no cheiro, tanto nas palavras sussurradas como nos beijos que nos selam as bocas.
E o corpo desperta agora, ao ritmo dos meus dedos deslizando em mim, imaginando os teus...
 
28.Abr.13