quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Perdida VI

           
           Perdida
Em paisagens que não vejo,
Por caminhos que desconheço,
Que me levam sem sentido,
Sem sentidos
Neste entorpecer
De corpo que apenas responde
A este andar, avançar sem saber.
            Perdida
De cores que me alimentam,
De sonhos que me alentam,
De ilusões que poderiam,
Algures no tempo,
Do caminho,
Passar a ser o destino.

            Perdida
De horas que passam
Neste correr de dias,
Em que me aguento apenas por um fio
Que não me detém nem segura,
Que não me amarra nem protege,
Que é mais frágil que esta pele
Marcada de dor e lágrimas,
Marcada de sorrisos e prazer.
            Perdida
Agora com o que já vivi,
Com o que senti e não me larga,
E não me chega nem completa.
            Perdida
Agora com o amanhã
Do passo que urge chegar
E me libertar deste andar
Que não chega a ser caminhar.
            Perdida
Neste medo de avançar...

24/11/12

Abraça-me, envolve-me

Abraça-me, envolve-me
Nos odores que são teus
Que se mesclam em unicas unioes
De cheiro de homem
Que me enlouquece os sentidos,
Que me evidência os víicios.
Envolve-me, abraça-me
No sabor dos teus beijos,
No deslizar dos teus lábios
Que nos meus aumentam
Os mais intensos desejos.
Abraça-me, envolve-me
No calor do teu corpo,
Que se friccionando no meu,
Me aquece em ondas de prazer,
Que entrando no meu
O fazem transbordar desse líquido
Que de mim nasce,
Misturando-se com o teu,
Que por mim jorra.
Envolve-me, abraça-me,
Deixa-me repousar
A mente e o corpo
No teu, juntos,
Depois de transpirar,
Depois de te amar
E de te a ti me dar.

23/11/12

Lugares assim


E a noite avança com a frescura do ar húmido e do cheiro a Inverno que quase se sente na porta.
Os quase nenhuns passos que quebram o silêncio soam a apressados, rápidos e curtos e, depressa desaparecem arrastando consigo o peso dos casacos que atravessam o frio que as estrelas não conseguem quebrar.
Pela janela vislumbro o calor de lareiras que fervilham e crepitam em labaredas de fumo saindo pelos cumes dos telhados.
Um calor que não chega aqui, que não se sente, que não se vê.
E é tão bom saber que há lugares assim tão perfeitos e cheios desse calor que faz os corpos se abraçarem e as pernas se entrelaçarem.
Um calor que vem de dentro do corpo em forma de um sorriso, de um beijo, de um arrepio na superfície da pele, de um espasmo de corpo inteiro.
Como o que sinto quando te vejo, quando te cheiro, quando o teu sabor me invade o paladar.

E assim o frio em mim nunca chega a entrar...

23/11/12

Calaram-se

Calaram-se para sempre
As memórias que relembro
Sem desejar me recordar
Do que já fomos algures no tempo.
Calaram-se,
Acabaram as ilusões que criei,
Todos os momentos em que te sonhei.
Desejei.
Ansiei.
Calaram-se os momentos
Em que te senti,
Em que os teus lábios se perderam nos meus,
Em que o teu gosto fez parte do meu.
Calaram-se as horas
De vento no rosto
Sentindo o cheiro do teu corpo
Que se entranhava na minha pele
E que comigo ficava.
Calaram-se os gemidos
Gritados,
Contidos,
Ferozes,
Sumidos
No meio de um prazer,
Esse que me entorpece os sentidos
E me faz a ti pertencer.
Calaram-se.
Acabaram-se.
E nunca são esquecidos
Enquanto o meu corpo estremecer
Ao som do teu sorriso no meu ouvido,
Ao toque do teu beijo no meu ombro,
Até amanhã, na hora em que tudo,
De novo,
Contigo revivo!

21/11/12