domingo, 14 de outubro de 2012

Faz-me delirar

Corpo que aquece
No sopro das palavras
Descritas,
Sonhadas,
Quase sentidas.
Corpo que se arrepia
Ao toque da ponta dos dedos,
Deslizantes,
Concretos,
Certos de todos os caminhos
Ainda não descobertos.
Corpo em pele que chora
Gotas de água salgada
Que a tua boca,
Pela língua, devora.
Corpo este
Que estremece
Com corpo esse
Que me enlouquece
Em doces e fundas entradas
Em meu ventre perpetradas,
Intensas suaves estocadas
Em que me devoras,
Sem demoras ou receios,
Concretizando-me todos
Os meu loucos devaneios.
Corpo que é teu,
Que te pertence quando és meu,
Que te anseia a todo o momento,
Toma-me sou tua,
Toma-me outra e outra vez,
Faz-me delirar e perder no tempo...
10/10/2012

Em mim, nunca morrer

E a manhã chega lenta e vagarosa no correr de quem lá fora se apressa para mais um dia cheio de inevitáveis encontros com a incerteza das horas passageiras.
O cheiro que a brisa que vem do mar carrega consigo, acende-me o coração com memórias que o espaço na cama vazia não consegue fazer vibrar.
Lembranças que sempre me te fazem recordar e desejar.
Lembranças de dias passados a sonhar te abraçar.
Lembranças de horas estendidas no tempo da tua companhia que não voltam a passar.
Mas as saudades não são fugazes. São eternas e profundas.
São marcas na carne que a minha Alma não tem mas quase sinto.
E falta-me o teu abraço, o pentear-me do cabelo afastando-o do rosto e os dedos deslizando sem saber caminhos, a belo gosto.
E faltam-me todos os beijos que tive oportunidade de sentir nos meus lábios e não te dei.
E faltam-me todos os entrelaçares de dedos que ficaram à porta do receio por conta do medo de me entregar.
Mas o que mais me falta, são as palavras que nunca tiveste para me dar.

Mas o cheiro do mar, esse, vai-me sempre te fazer lembrar e em mim, assim, nunca morrer...
08/10/2012

Sabes? Sentes?



Sabes aqueles momentos em que as horas são eternas nesse tempo que teima em querer passar, veloz, e não consegue correr?
Sabes aquelas alturas em que os minutos são carrascos das horas e as fazem perduram quando tudo o querem e acabar?
E sabes, as ocasiões em que o minutos se travam em compassos demasiados lentos e os ponteiros não fazem andar?
Sabes?
Sentes-lhes o peso do querer e não poder avançar?
Sentes-lhes como custa este imenso e quase eterno arrastar dos dias que não conseguem terminar?
Sentes?
São a minha companhia e o meu inglório e diário lutar para te esquecer, em ti parar de pensar.
06/10/2012

Fazes-me Mulher

E o sonho invade os dias
Carregados de horas que passam
Lentas como o bater do coração
Quando te olham nos olhos
E muito mais quando te dou a mão.
E sinto-me menina
Frágil,
Amparada
E nos teus braços
Me deixo cair, protegida.
E sinto o calor
Do corpo que é teu
Agarrado a um beijo
Que não tem pudor
Que é línguas entrelaçadas
Molhadas dessa saliva
Cheia do teu sabor.
E o corpo estremece
E o desejo comanda
Mãos,
Bocas,
Em insano percorrer
Os corpos suados,
E ventre no ventre,
Compactados,
Penetrados,
Envolvidos
E os loucos e desvairados
Ritmos ensaiados
Em gemidos sentidos,
Ao ouvido sussurrados,
Não mais são contidos,
São agora gritados...
E fazes-me crescer,
Em ti, com este prazer,
Fazes-me... Mulher
 
05/10/2012