quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sempre vivo II



E o vento toma conta da manhã que nasce doce e calma num sol que tem a pressa de não querer aparecer, empurrando os sonhos que a noite teima em criar sob a luz da lua, cúmplice de quem tem quem amar.
E pela janela entram sons que essa brisa forte e fresca transporta de vidas de dias em rotina consumidos em desesperante ansia pelas horas de sossego no aconchego vazio de uma casa que não é lar e onde a palavra amar sabe a fel e a solidão.
E a minha cama é invadida desse gelo de dormir sozinha.
Acabou a hora do sono que me transporta para o teu colo.
O vento chega ao meu rosto e faz-me estremecer o corpo, fazendo-o vibrar em ondas que não são de saudade mas sim de recordar.
E recordo-me de ti, do teu quente e terno toque que e sempre meu ao acordar, que me afaga nesse teu odor e olhar de mar.
E o vento já não é gelo ou frio, é aconchego do teu corpo que em mim esta sempre vivo.

02/10/2012

Teus beijos


E são os teus beijos
Que me despertam
Num acordar
Que não tem hora,
Que me enchem de 
Água com o teu sabor
E de arrepios que se notam no peito.
E são as tuas mãos
Quentes
Prementes
Que deslizam e
Me tocam a pele.
E são
Os toques do teu desejo
Que escrevem
No meu corpo despido,
Como tela branca e nua,
Histórias de entrega
E prazer imenso
Com palavras que não meço
Com traço seguro e certo.
E és tu
Quem me invade de pecado
A carne do corpo
Que não resiste
Ao intenso provar dos corpos
Agora molhados,
Salgados,
Entrelaçados
Num abraço de líquidos e odores,
Que sendo apenas nossos,
São únicos,
Os melhores...

29/09/2012

Thoughts X

Às vezes gosto de me embrulhar no nada que o teu silêncio traz.
Deixa-me com a sensação que me queres despida de (falsas) ilusões.

Libertar


E o céu chora do outro lado da janela, sob o ritmo compassado das horas feitas madrugada de um dia que tarda em chegar.
Pingos de água que lavam as folhas amarelo dourado de carvalhos e plátanos que carregam o suave pó de um Verão que não deixou marcas visíveis ao olhar dos outros.
Gotas que núvens negras libertam aliviando a dor de um céu que é constante e perfeito nas suas cores e tempos.
Chegou a hora de, tal como nesse azul imenso, me libertar das dores de um nunca ter, de um jamais sentir, de uma incapaz partilha e por mim, pelo meu querer respirar sem me sufocar, vou de ti me largar.
Vou misturar-me as lágrimas de sal com as que caiem de cima de mim num corpo que se entrega e rende ao ritmo desse cair.
Vou abrir-me a alma e deixar entrar esse rio que vem para me lavar.
Vou de ti me purgar, desintoxicar e este sentir fazer terminar.
E esperar que ao mesmo tempo que o céu deixe de chorar, eu o possa olhar e por fim, a viver recomeçar.