quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Memória viva

A manhã traz no suave e doce Sol de Outono o toque que me aviva a memória do teu odor ainda gravado na pele que foi amada.

Não importa se agora, se ontem ou há tantos dias que já não se contam porque se esbatem na vida igual de tempos que correm sem mudanças.
Não importa se agora, há memórias que não nos deixam. Que ficam em nós de forma intemporal e eterna.
Como o teu sabor num beijo que mesmo terminado me acompanha como que sentido há apenas instantes.
Como o toque da tua mão sobre a minha deslizando e percorrendo-me de forma que me inspira e desperta para o dia, para a vida.
Como o salgado do teu corpo que com o meu me envolve num entrançado que marca levemente a carne numa intensidade impossível de descrever.
Sim, és tu que vives em mim. Num sentir que feito memória me alimenta e me acorda a cada manhã com a sensação de que nunca daqui saiste, de que nunca partiste.


26/09/2012

Thoughts IX


Há dias em que à chegada já só se sente o amargo travo da partida.

Odeio-te!

Odeio-te!
Como se odeia um odor que se entranha na pele e nos reaviva recordações que desejamos escondidas para lá da memória por não poderem ser repetidas.
Odeio-te!
Como se odeia o sol de Verão que marca a pele com tons dourados de sabor exótico que perduram como parte de nós.
Odeio-te!
Como se odeia o sal do mar que se cola e não se aguenta no gosto da boca e sempre nos tenta de forma intensa e irresistível.
Odeio-te!
Como se odeia a flor que branco imaculado puro tem o cheiro do teu odor num beijo abraçado em corpos despidos de todo o pudor.
Odeio-te!
Como se ama e deseja o mais insano dos sonhos e ilusão que nos completam e deixam no corpo, de todas, a mais doce sensação.

24/09/2012

Perdida V



E não há sonho como o de voar por entre a folhas douradas de um Outono em que caiem sob rios de águas que docemente se entregam ao mar.
A um mar que sabe a um sol intensamente suave que não marca a pele e que num ápice dá lugar a um luar de estrelas escondidas sob o seu suave desmaiar.
Sonho de liberdade que só encontra no vento que vive suave sob os vales das ilusões criadas numa mente que divaga em pensamentos que não são nada para além da realidade.
Pintados em cores de vermelhos castanho que inventam num misturar que nos faz lembrar o agasalho do frio que não tardará a chegar e assim, acompanhar o calor ausente que sente o meu corpo, que coincidirá com o deserto de gelo do coração que é meu.
Mas eu vivo, fria e inerte, com a vã esperança de um dia me libertar deste sentimento que me ofusca e me incendeia num calor sem chama que me deixou perdida, sem saber qual o caminho, desalojada da casa do teu carinho, abandonada num lugar esquecido, perdida...



24/09/2012