terça-feira, 18 de setembro de 2012

E é isto...


Há em mim


Há em mim uma sensação que me deixa sem sentir, sem o peso do viver e do saber.
Uma sensação de perda que me desassossega a alma de uma forma imensa e me esvazia.
Como se me tivesse perdido de mim, como se fosse uma outra dentro de mim, como se renascesse e naã me reconhecesse.
Mas sou eu. Eu estou aqui.
Sou a mesma? Ou mudei?
Se mudei foi onde se me sinto a mesma na forma de pensar e sentir?
Por vezes sinto que perco um pouco de mim.
Quando me dou e não me recebem.
Quando me entrego e não me compreendem.
Quando me mostro demasiado sem medos ou máscaras e depois me traiem.
A confiança.
A ingenuidade.
Mas já não devia acreditar assim. Mas acredito. Porque imagino todos como sou.
E perco-me de mim. E pergunto-me como pude dar-me sem pensar no resultado.
E só desejo voltar a tapar-me, cobrir-me dessa capa que transparente não deixa que a trespassem. Enquanto me lembrar.
Há em mim esta sensação de me voltar a fechar e não me mostrar.
10/09/2012

Meia de mim


Meia de mim.
É o que vive hoje que apenas quero que passe em rápido e veloz passo.
Meia de mim.
É o que respira este ar que quente não me aquece o sangue fervilhante de gelo em veias que paradas não me movimentam.
Meia de mim.
É o que este coração guiado pela mente que não comanda nada que seja diferente do que tu me fazes pensar.
Meia de mim.
Não quer deixar passar os dias em que não estás presente.
Não quer parar de te ouvir as palavras escritas em suaves versos de querer e desejar.
Não quer sofrer com a indiferença a que me prostas e atiras ao rosto aquecido por lágrimas de sal que caiem em suaves jorros.
Meia de mim não te quer largar.
Meia de mim não te pode esquecer.
Não consegue este viver sem te ter.
Meia de mim.
A outra meia jaz morta no leito do julgamento em que me condenaste e eternamente culpaste.
 
07/09/2012

Encher-me de ti


Por vezes a tua presença ausenta-se de mim e nessas alturas eu vivo, sinto o correr do vento no rosto como afago de sabor a mel e o sal do mar penetra-me e entranhar-se-me na pele.
Por vezes a tua presença desaparece do meu pensar e do meu sentir e esses momentos são raros em cores de arco-íris que se apresentam em pétalas de outros odores.
Por vezes a tua presença não me larga e o que o meu corpo sente no paladar do gosto de uma romã rubra de cor intensa e madura é superior ao que vivo no dia-a-dia.
Mais sentido.
Mais vivido.
Mais carregado de todas as cores que nunca foram criadas e jamais pintadas em telas de sonhos de beijos e línguas em lábios largadas.
Mais marcado na carne que aquece no calor ameno do Sol no pico de Verão como quando me puxas para ti e me fazes sentir a tua mão forte e segura, prendendo-me de forma indelével nesse teu percorrer súbito do meu corpo coberto de ti e despido de tudo.
E eu quero encher-me de ti.
Sentir-me abafar com a presença do teu ser e de ti sorver tudo que me possas ofertar e eu te possa tirar.


07/09/2012