quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Remendada


A vida não passa de uma manta de retalhos que unimos uns aos outros com o fio que tece os dias que correm.
Retalhos de memórias que são factos da nossa vivência e percepção sobre o que nos vai acontecendo carregados de emoção e sensações.
Só o que nos marca nos fortalece e ajuda a crescer, perceber e entender. Seja bom como o sol de Verão à sombra de uma oliveira, como o mar que nos enrola o corpo na ponta da areia ou menos bom como o vento que nos gela a alma vazia aquando de uma perda.
Retalhos que são meus e teus em dias juntos e unidos em sintonia.
Retalhos que são meus carregados de ausência e sonhos desvanecidos na tela que queremos desenhar e de cor pintar.
Retalhos que se unem, encadeiam em ciclos de dias, meses, anos e que não se findam. Pelo contrário multiplicam-se.
Eu tenho a pele vestida de imensos retalhos de vida. E nunca chegam, nunca estou completa, nunca me preencho e a busca pelo retalho que cobrirá o restante do meu corpo um dia terminará. Até lá, vou ficando, dia após dia, cada vez mais remendada.

27/08/2012

Por vezes...


Por vezes canso-me de mim própria e imagino-me sendo tudo o que não sou.
Como se encarnasse uma personagem com forma de pensar e sentir e agir e reagir diversas da minha.
Uma personagem onde posso ser tudo o que quero e não quero ensaiando reacções e respostas que na minha pessoa diária jamais faria.
E olho-me assim, de frente ao espelho do que não sou. Um reflexo de uma outra eu, uma mim sem o que sou.
Sim, por vezes quero ser muito diferente do que sou, mas o espelho que reflecte a minha pele não me mostra algo que eu goste. Apenas porque é falso. Trabalhado. Manipulado.
E vou retirando as características que fui criando para parecer outra que não eu.
Uma a uma.
E sobro eu.
De novo.
Com os defeitos que não consigo mudar e as qualidades que me são fiéis.
Não há maior vergonha que ser alguém que não somos.
E eu sou o que sou.
Sem máscaras que sempre acabam por cair...
23/08/2012

Há dias...

Há dias em que nos sentimos tolhidos e toldados, formatados numa vontade que não é nossa, que nos ultrapassa e nos invade movimentos e pensamentos.
Como se levados numa corrente que não tem destino ou objectivo ou que mesmo tendo não é de todo perceptível ou o que desejamos. Mas ainda assim nos consegue arrastar no seu meio pelas pontas dos dedos que se deixam tocar por essa vontade de nos deixam os levar.
Uma vontade de não querermos lutar e desistir para apenas descansar num suave mar em que as ondas vão por dentro e na pele, no sorriso de falsa felicidade por aí navegar.
Será errado tentar não ser quem somos? O que o nosso íntimo nos diz, nos faz ser?
Não sou melhor que ninguém, erro, provoco dor e deixo mágoa nos que por mim passam. Mas não o faço com esse propósito.
E isso, mata-me, revolta-me as entranhas e o coração quer deixar de sentir.
Gostava de ser mais uma na onda destas marés cheias e vazias em que apenas eu contasse.
Há dias em que gostava de ser guiada pelo caminho que não me mostrasse a beleza e a fealdade do que me rodeia, destes extremos que somos capazes de provocar e trazer amarrados à pele que é a nossa.
Guiada, conduzida, insensível, sem medos ou pensamentos que me invadissem.
Há dias em que não me apetece viver, apenas apetece existir.
 
23/08/2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Hoje viajo ao som de...

What is in this wine? the more I drink the more I wander off into a stranger's eyes I like the way that they reflect my thoughts what is in this air? it feels like feathery dust everywhere and as I breathe it in I breathe the masculine scent of his skin and I feel homeless your comfortable caress has triggered unfamiliar restlessness you and I are we I feel I've lost my individuality you're watching me rebel believing stories only hearts can tell but when is it enough? when do I call my feelings on their bluff and I feel homeless and I remember us now but I forgot what we felt like somewhere along the way