segunda-feira, 9 de julho de 2012

A noite




A noite chega estranhamente silenciosa para uma noite quente de Verão. Não há sons de risos ou passos pausados de quem saboreia a pequena brisa que vai refrescando os corpos que a ela se entregam.
Não há cheiros que me encham o quarto de viagens de outros lados ou da praia aqui ao lado.
O mar esse, hoje calmo nas suas ondas brilhando e soltando pequenos e poucos salpicos de gotas nas pedras, batidas e já rendidas à força desse fenómeno que nos desafia e encanta.
A noite vem calma, sem o teu falar, o teu som ao me tocar, sem o roçar do teu deslizar de dedos na pele que sendo minha se entrega ao teu domínio, ao teu fascínio.
Sim, tu és o meu mar, hoje calmo, longe de mim, talvez perdido noutros encantos que te sejam preferidos.
E eu, não posso prender-te, querer-te e desejar-te apenas meu. Porque o mar tem uma essência que não se perde, que não se domina ou altera.
Conheces alguém que tenha prendido o mar?
Não! Há que saber nele ondular e embrenhar sem medo do que tem para me dar.
E eu quero tudo! Tudo o que o teu mar, rebelde, único e singular tem para me ofertar...
09/07/2012

Não morres em mim

E não morres em mim.
Não deixas de viver aqui, no peito que é sangue que corre, quente, rapido e me inunda de vida ainda que cheia de dias vazios.
Não me abandonas a vontade de sentir-te os braços envolver-me, de aquecer-me com o calor do teu corpo.
Não me permites deixar-te. Não deixas que me desamarre de ti. Mesmo que o silêncio impere e controle as horas do oco deste mundo perene, sem sentido por vezes. A maior parte das vezes.
Porque vieste assim, forte, intenso, invadindo-me o pensamento, enchendo-me de vãs ilusões que agora são sons silenciosos sem fim?
E a tua ausência cresce em mim e não me abandonam as saudades de te sentir perto, quase em mim.
Habitas profunda e abundantemente em mim.
Mesmo na distância da não presença que não se encurta, apenas severamente aumenta...
09/07/2012

As palavras



As palavras com que me envolves,
Que me sussurras ao ouvido,
São em mim um delírio,
Um intenso corropio
Que me liberta o ser,
Que me enche de vida,
Que os dias me alenta.
São doces toques
De mãos e de língua
São sentir-te deslizar,
Molhar,
Saborear,
Descobrir,
Arrepiar,
Sorrir,
Provocar,
Excitar,
Entregar e dar.
A pele que me cobre é tua,
E o que sinto em mim vibrar
É o teu corpo que acentua,
Que avança na carne crua
Sem medos ou temores,
Sem preconceitos ou julgares.
É o teu corpo que me toma,
Que me sorve,
Que me prova,
Que me faz dar-te,
Assim, despida e nua...
 

 06/07/2012

Acelerado


E o coração bate acelerado, descompassado ao sabor do vento que hoje é conturbado, frio e me irrequieta os cabelos, fazendo os fios dourados bailar no rosto.
Arrepio nesta pele minha quente que constrasta com a noite que já se alonga em horas que não passam.
E o pensamento vagabunda em episódios que vão e vêm ao ritmo das ondas deste mar que recebe as águas do rio, neste local onde nunca estivemos mas que sinto como teu e meu. O local onde as minhas águas convergem nas tuas salgadas. Onde os paladares se misturam em gotas na boca que beijam as línguas nossas.
E o corpo que é meu já não sente o vento frio, já o afasta com o calor que em mim cresce e transborda.
Por ti.
Porque és tu quem me faz o coração bater, o sangue correr e viver.

03/07/2012