terça-feira, 3 de julho de 2012

Desejo



Desejo.
Desejo que me impeças de te largar e avançar no caminho que me levará para longe de onde quero ficar. Que me faças aqui ficar sem alongar e afastar o meu corpo do teu porque apenas isso se irá. O meu ser contigo para sempre ficará.
Presente.
Presente nos dias de longa noite e fria chuva. Nos dias de sol ardente que na nossa pele fica marcado, com ondas do mar onde os corpos se embalam em ...música suave, cadente de ondas que não calam e choram pingas de água de sal mesclado do tempero do nosso amor.
Agarra-me.
Agarra-me, não me largues a mão que o corpo de imediato se deterá. Prende-me, amarra-me os passos que desejam não andar, não existir, não me deixarem partir neste rumo, incerto do que há-de vir, em dias sem luz e calor que apenas são quando não estás em mim.
Trava-me.
Trava-me esta vontade de partir, de te deixar ficar e arrancar em direcção a lado nenhum que sem ti são nada, vazios, longínquos e nunca alcancáveis. Tu és o meu porto seguro, sem ti ando à deriva em mares e caminhos que são intermináveis e onde jamais deitarei meu corpo e descansarei.
Desejo.
Desejo que me impeças de te largar.

29/06/2012

Adeus


Adeus.
Hoje é dia de adeus. É dia de deixar de sonhar, deixar de me deixar levar.
É dia de regressar à realidade que imprevisível é o que temos nos dias mortos de quem vive sem sonhar.
E hoje deixo de sonhar os sonhos que me invadiram mente, corpo e a essência da minha alma que nada tem de valor aos olhos dos que sentem dor ou amor.
Vazia.
Sou vazia hoje. De tudo, de todos, de palavras que ao vento não dizem nada e nunca chegam a ti. Nunca te são sussurradas, memorizadas na lembrança de um sonho que jamais sonhaste.
O vento Sul já não embala o mar ao que o meu rio de forte corrente desejava se juntar.
Silêncio.
Apenas o silêncio do que não te disse, do que não te dei, do que não te mostrei e não pediste. De todas as razões irracionais que nos uniram e os factos sem certezas que nos separaram.
Não existem concretas e absolutas certezas para o pensar, para o sentir pois tudo se confunde com a realidade que crimaos e pensamos serem a mais pura verdade.
Nada.
Não há nada que me faça arrepender do que vivi, sonhei, senti e acabei por fazer, dizer. Acreditei que poderia viver num mundo em que a tua presença fosse absoluta, inteira, completa em mim.
Nada. Nada há de ti em mim. Nada há do que imaginamos ter sido e que nunca, jamais fomos.
Hoje é dia de adeus.
Adeus.

29/06/2012

Alguém



Sou apenas alguém.
Alguém que é pele e carne, um corpo mais que se movimenta nas ondas de gente que deambula pelas ruas.
Alguém que sente os dias, as horas, os minutos como todos os outros: passando. Umas vezes rápido demais, outras demasiado lentos.
Alguém que vai construindo sonhos que se vão concretizando, que vão ficando pelo caminho, que se vão renovando em outras metas, realizáveis ou não.
Sim, eu sonho e desejo. Não vivo os dias por viver. Por vezes posso me esquecer de viver os meus sonhos, colocá-los em prateleiras que, por sua vez, vão ficando mais inacessíveis, culpa da escolha do caminho que vou percorrendo.
Mas acredito, que de um salto, maior ou menor, o sonho reservado, ali pendurado, estagnado, está ao meu alcance. Ao alcance de um querer, de um não desistir de me compreender e de me completar, concretizar. Porque os sonhos são pedaços de mim que vou largando, subtraindo dos momentos que não podem ser cumpridos, mas que não quero, de todo, para sempre perdidos.
E tu? Tu tens os teus sonhos, tens o teu caminho e o teu tempo para dares o salto e não os deixares perdidos.
E eu? Eu quero saltar contigo de mão na mão e cair no mundo, numa vida que apenas contigo faz todo o sentido.


29/06/1012

Ausência


A ausência é que me custa. Todo o tipo de ausência é doloroso, mas a ausência a que me obrigas é a que mais me mata.
Saber-te aqui, tão perto e no entanto longe de mim, nesse tipo de ausência que me apoquenta e inquieta a alma.
Sinto-te a presença, relembro-te a todo o instante, reconheço-te as palavras que soltas no vento daí, de tão longe. Sei que estás perto, eu pressinto a tua força, a mesma que me levou ate ti de forma a que jamais do teu ser me conseguisse separar.
E no entanto és ausência em mim. Vala em ferida aberta que não cicatriza, que não cura e vai sempre, a cada dia da tua falta, tornando-se mais e mais profunda.
A tua não presença propositada em silêncios é o que mais me atormenta, o que mais me fragiliza.
E não sei o que te afastou de mim, o que fiz ou não terei feito para que fujas assim, sem sons de adeus que não pretendo...

28/06/2012