quinta-feira, 24 de maio de 2012

O tempo...



E o tempo que passa lento e demorado, que não se escapa por entre os dedos, que não corre ao encontro dos sonhos e desejos, das vontades e quereres.E eu quero-te. Muito. Não sei como, não sei porquê, mas sei que te quero. Quero-te em mim. Nos meus dias. Nas minhas horas, que quando são nossas fazes passar pequenas, rápidas, demasiado rápidas. Fugazes contrárias aos dias que não passam. E para ti passam demasiado rápidos. Demasiados dias. Demasiadas horas. Tempos que temos, vemos, sentimos diferentes. E dizes-me que entendes, que agora percebeste. Olha-me nos olhos. Fala-me nos lábios. Sente-me na pele. Compreende-me o pensar que está suspenso neste ar que me sufoca, que me enche e não me faz respirar e aumenta este durar de tempo imenso de não viver. E está nas minhas mãos. E eu quero viver, em ti, por ti...

24/05/2012

Silêncio VII



O silêncio que mata palavras que nunca dissemos, que jamais ousamos proferir. Palavras que agora calo num silêncio que grita na mente, no pensamento que não se ausenta da tua ausência, do teu silêncio.

Um silêncio que não quero mas que insiste em se apoderar de mim esvaziando-me de sentimentos que sinto, enchendo-me de sentires que não sinto. E que não são meus. São desses silêncios que não falam as minhas palavras, que se mostram indiferentes ao que não quero que ele diga. 

Este é o teu silêncio, que me gritas desse lado que não é o teu sentir, desse lado que não é o teu querer. O teu silêncio que fala apenas da minha ausência, da minha falta em ti. 

E o que quero é o não silêncio do teu querer, do teu sentir e do meu.


25.05.2012

Esse teu calor...



O dia nasce quente, aquele quente de final de Primavera, em que o hibiscos ja enfeitam os jardins e nos sussuram que o Verão não tarda a chegar.

As andorinhas fazem voos rasantes, bebericando no riacho de águas límpidas e pouco profundas.

E eu deitada, neste calor que não é meu, que é do dia que corre lá fora, e que foi o teu na noite que agora acorda.
Calor de corpos, dois, o meu e o teu, que se unem, formando um só, entrelaçados.
Encaixados tu em mim, amarrados eu em ti.

E ondulamos, como ondas num rio sereno, que se precipitam em direcção ao mar, em rítmos que aumentam, que num ápice são corrente de gotas de mar salgado em peles que se beijam.

E eu beberico dessa tua água que não me mata a sede, que me vicia numa dependência desse teu sabor, desse teu calor...

2012/05/24

O caminho...


E o caminho faz-se a cada dia, a cada hora e em cada minuto à medida que as águas do rio sobem ou descem, invadem ou se deixam invadir pelas ondas do mar.O meu passar por estes dias, ao sabor de um vento que jamais se sente na pele branca que é minha, qual tela estendida à espera do teu pincelar suave e doce como a brisa que vem do mar, é assim, um suave balouçar em águas que pouco oscilam, que n...ão se agitam com a chegada do vento forte, frio ou quente.Águas paradas em mim, qual sangue que correndo não corre, qual sentir que sentindo não vibra, não me acorda o corpo e a mente dormentes de tantas ondas que não ondulam, que me toldam, que me atormentam sem me fazerem viver. E eu quero viver. Quero sentir-te o sabor, quero que me pintes de cores rubras que são de amor, quero sentir em mim esse louco e intenso torpor de não sentir qualquer pudor.
E o meu caminho faz-se a cada dia, na direcção do teu...

2012/05/23