segunda-feira, 26 de março de 2012

Lugar no coração...



No meu coracao nao havia lugares por ocupar, lugares vazios. Nao! O meu coracao era um completo e imenso mar salgado e morno. Um mar sem os salpicos da incerteza, sem o trovao das ondas da amargura, sem as mares dos amores e desamores.
Nao! O meu coracao era um mar calmo, sereno onde apetece navegar sem rumo.
Nao haviam em mim duvidas ou caminhos por descobrir. Era um passar de horas seguro, garantido e seria eterno ate acabar.
Ate ao dia em que tudo mudou.
E o mar revoltou-se e inundou o corpo desse calor que me arrepiou ate a alma.
E a calmaria transformou-se em tempestade de mar e vento e sal gotejante saltando no ar.
E veio a liberdade! A liberdade de sentir na boca o paladar do mar.
A liberdade de desejar querer mais do que esse gosto na pele. A vontade de saber a que sabe o mel de urze vertido na boca. A vontade de sentir no rosto o quente do vento sul com cheiro de chuva de verao e terra salpicada de gotas ou correr descalca no jardim de erva acabada de cortar. O cheiro das laranjeiras em ramos de flores brancas carregados do zumbir das abelhas.
Tocar pele na pele e sentir todos os estremeceres do desejo a fluir e a convergir em mim.
No meu coracao existem agora lugares vazios, que anseio tocados, sentidos e, sobretudo, preenchidos.
No meu coracao ha agora lugar para mim!

19/03/2012

As culpas...



A analise fria de uma relacao e algo que nao existe. Como avaliar de forma impessoal a relacao, os actos, as decisoes, as palavras ditas e as nao ditas?
Quem e totalmente isento nessa analise?
E impossivel! Isso seria como abstrairmo-nos dos nossos papeis nas nossas relacoes e analisarmo-nos, como se fosse um filme em que a nossa personagem se divide na que observa as accoes da outra.
E mesmo assim, analisando de fora, seria muito pouco provavel que os nossos sentimentos nao nos acompanhassem na assistencia.
E como custa a auto-analise dura e crua de nos proprios, da nossa forma de estar perante os outros.
E se falarmos numa relacao amorosa que nao resulta... Bem isso e entao impossivel.
Somos invadidos por sentimentos que nos toldam a percepcao dos acontecimentos.
E se amamos, a distancia do amor ate ao odio e infima. E quantas vezes odiamos? E quantas vezes nesse odio somos e dizemos o que nao queremos por estarmos consumidos por esse vil sentimento que se apodera de nos, nos controla.
E admitir que somos imperfeitos? Admitir que erramos? Admitir que somos passiveis de ter a nossa quota parte de responsabilidade no nao ter dado certo?
As culpas nunca sao so tuas, so minhas. Sao dos dois. Uma relacao e feita a dois.
E eu que nao agi e tu que nao esperaste.
E eu que demorei e tu que te desesperaste.
E eu que sonhei e tu que te iludiste.
E eu que nao tive coragem e tu que te desdizeste.
E eu que era coerencia e tu a eterna inconstancia.
As culpas? Sei la de quem sao as culpas...

19/03/2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Come de mim...

Come de mim,
Do meu corpo,
Da minha pele.
Sente-me o sabor fresco e ácido dos seios,
Sente-me o gosto quente e doce da boca,
Sente-me o paladar intenso e lânguido do meu ventre.
Come de mim!
Saboreia cada pedaço de pele,
Enche cada poro meu
Com esse sabor que é teu,
Da tua língua molhada,
Deslizando em mim,
Arrepiando-me,
Levando meu corpo a reagir,
A libertar-se em odores de desejo,
Odores de fêmea que deseja macho,
De mulher que ser tua.
Entra em mim,
Deixa-me o ventre em frenezim,
Preenche-me de ti,
Dá-me prazer,
Faz o meu néctar descer,
Não páres,
Come de mim!

16/03/2012

Desencontros...



Os desencontros são algo que me fascina.
Como podem duas pessoas desencontrarem-se nos dias que correm? Só se uma delas ficar sem bateria no telemóvel! E ainda assim, serão poucas que realmente se desencontram.
Mas não é destes desencontros que falo. É dos outros, daqueles do coracao. De quando duas pessoas se apaixonam ou não.
Sim, duas pessoas que se amam podem desencontrar-se. Porque um encontro na altura errada, num momento menos propício ao amor, seja porque já se tem um compromisso ou porque a vida profissional não permite "assentar", pode acontecer. E a paixão torna-se um desencontro de almas porque sofrem por não se encontrarem e viverem em constante desencontro.
As desculpas para estes desencontros são o que mais me seduz: não era o momento certo ou já não tinha de ser.
Mas que raio!! Se não era o momento certo porque aconteceu?
Porque duas pessoas se encontram e sentem e amam naquele preciso momento e porque se completam!
E quantas vezes o repetem mutuamente em telefonemas e mensagens de amor que trocam ao longo das horas, longas e sem vida, em que nao estao juntos?
E não era o momento certo, este de encontrar quem nos preencha, quem nos faça palpitar de vida?
Então qual será?
Mas a que mais me faz pensar e quando dizem que não estava destinado a ser, a acontecer, a ficarmos juntos.
Mas depende de quem para além dos que amam?
Depende da inércia de quem deve dar o passo e se deixa ficar naquele lugar sem tempo, sem espaço que é o medo.
Arranjam milhentas desculpas e não avançam, não se atiram ao precipício de amar e se entregar.
Sim, eu também tenho medo e também fico suspensa nesse lugar.
E o nosso desencontro, acabo por provocar apenas com o receio de arriscar...
Arriscar a ser feliz...



15/03/2012