quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Primeiro Amor

O Primeiro Amor. Como nos marca. Dizem que não há como este.
Haverá? Será assim tão único? Tão especial? E porquê? O que o faz ser inumerado tantas vezes?
É por ser a verdadeira paixão? O desconhecido?  Um sentimento novo? Uma entrega total?
E é mesmo por ser o primeiro? E não pode ser o nosso segundo ou terceiro a ser o primeiro?
Tem obrigatoriamente que ser o nosso primeiro relacionamento?
E o "Primeiro Amor" é o mesmo que o "grande Amor da nossa vida"?
E o "primeiro amor"  é tão intenso, tão total, tão doloroso e ao mesmo tempo tão bom, como o "grande amor"?
O grande amor da minha vida, não foi o meu primeiro.Não!
Eu ia casar com o meu primeiro amor. E no meu primeiro amor, aconteceu tudo o que não devia... Ou talvez sim. Para que percebesse que o amor não era aquilo. Nem aquela relação, nem aquele sentimento. Ou melhor, que não era o que queria de alguém para estar ao meu lado. Mas eu amava-o! Se amava! O primeiro amor e homem da minha vida! Se é que aos 18 anos podemos dizer algo com esta sabedoria, este saber da vida, de quem já passou por algumas situações. Mas sim! Amava-o e amo! Nunca esquecerei esse amor. Mantemos contacto relativo apesar da forma como a relação terminou. Nutro por ele um carinho que jamais morrerá! O meu primeiro amor!
Mas, o meu grande amor foi o segundo!
Aquele que quando entra na sala nos faz tremer as pernas, nos faz a face ruborizar apenas com o olhar.
Mas era proibido... Talvez por isso o meu grande amor! Um homem mais velho. Acho que todas nós já nos apaixonamos por um homem mais velho! Nem que de forma apenas platónica! Como por algum professor de Filosofia, de cabelos revoltos e olhar perdido e discurso de sonhador! (Excepto se tiveram o meu! Era impossível tamanha figura conseguir que uma mulher sequer olhasse para ele quanto mais ser o amor secreto de alguma aluna!)
Sim, mais velho. Bastante mais. Eu uma menina e ele um homem. Divorciado, galante, boa figura. Cabelos grisalhos! Como gosto de cabelos grisalhos! Agora compreendo que nos transmitem segurança, protecção...
E ele era tudo o que queria num homem! Principalmente porque decidia por mim: onde jantar, o que almoçar. Hoje vamos até à Figueira da Foz e íamos. Sem destino, pelas estradas da mata portuguesa! Fazia-me sentir uma verdadeira Mulher.
E almoçavamos e regressavamos. E paravamos em sua casa e eu entregava-me nas mãos daquele homem experiente e vivido. E adormecia, deitada no seu peito. E acordava com os carinhos que me fazia nos cabelos. E olhava para os seus olhos e ouvia: "Não posso. Não posso ter-te. É injusto."
Na altura, achava que eram meras palavras para que soubesse que não ia passar de ser dele após algum almoço na Figueira da Foz ou noutra cidade qualquer. Mas não. Cada vez custavam mais a serem proferidas. E quando rebatia dizendo: "Eu sei qual o meu lugar! Não precisas de me dizer!" Respondia-me apenas: "Se soubesses o que aqui vai!" E beijava-me. Não com desejo. Mas como se eu fosse a Mulher que ele queria.
E mostrou mundos que eu desconhecia. Mostrou-me muito do que sou hoje. Foi o meu verdadeiro professor. Em todos os aspectos. Mostrou-me livros! Foi com ele que passei a devorar livros! Livros que me ainda hoje fazem as delícias de muitos. Livros de autores que só depois se tornaram famosos e passaram a ser devorado por todos.
E vieram os pedidos que mais temia: vem morar comigo! Faz as malas e vem!
E eu não fui. Não tive coragem de enfrentar uma sociedade preconceituosa e, sobretudo, a desilusão que daria à família.
E foi morrendo... A cada dia percebíamos que eu jamais diria um sim e que ele jamais aceitaria que eu não vivesse a minha vida. E largou-me. Sem dizer adeus sequer. Nada. Fugiu. E eu sabia os lugares dele e ele evitava os meus lugares...
E acabou por ficar em modo stand-by... Não houve uma explicação. Um adeus. E custa tanto quando assim é.
Este foi o grande amor! Não o primeiro amor, nem o último, mas o grande amor!
Não! Apenas gostamos e amamos de formas diferentes.
Cada relação é um aprender, um aceitar, um dar, um viver, um sofrer, uma felicidade e um querer!
E amo! Amo muito, mesmo os que nunca amei e que me amaram. Um amar de respeito, carinho e bem-querer.
E amei todos os que se seguiram. Até encontrar quem amasse como eu: na mesma medida!
E não é para isso que serve o amor? Para quê qualificar e quantificar importâncias?
Um Amor é sempre um Amor! E quando não correspondido faz-nos sempre achar que é o nosso Grande Amor...
Cada Amor tem o seu momento. E em cada momento somos diferentes... Como cada nosso Amor.

11/07/2011

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