sábado, 12 de março de 2022

Palavras na ponta dos dedos



Por vezes gostava de ter as palavras todas, na ponta dos dedos, para descrever o que sinto. E não tenho. Jamais terei.

Há palavras que nunca existirão, pois nunca serão as exactas para determinado sentimento.
E eu, eu tenho muitos sentimentos.
Sou uma imensidão. Talvez tão grande e, de certeza, tão profunda quanto o mar.
Sim, sou igual ao mar: na tempestade e na calmaria, no salgado das lágrimas, no que dá e no que recebe... E damos tanto e recebemos tanto. Tanto de bom, como de lixo que só nos faz atrasar nas experiências e no verdadeiro viver.
Mas como o mar, há que aprender a renovar-me a dada maré.
Há que fazer o que dita o coração e a minha natureza, a minha essência e à noite, sob a luz da lua e a proteção das estrelas, dormir um sono profundo e descansado. De Alma limpa e consciência tranquila.

É, por vezes gostava de ter as palavras todas na ponta dos dedos...
Hoje é um desses dias.


Cat.
2021-04.11


sexta-feira, 11 de março de 2022

Remendo-me


 


Remendo-me.

A cada tropeço na vida, a cada desilusão, a cada sonho perdido pelo caminho.
Rendendo-me.
A cada dia sentido como desperdiçado, perdido, não vivido.
Remendo-me.
A cada lágrima salgada de tristeza, a cada dor no coração e no corpo.
Remendo-me e renasço.
Cada momento é vivido, mesmo que não pareça, pois os dias passam e as horas não param, suspensas num eterno infinito. Embora às vezes assim pareça.
Remendo-me e renasço.
Porque não viver também é necessário, ter tempo para deixar correr e não decidir.
Renasço a cada tormenta ultrapassada, a cada pessoa perdoada, a cada dor que marca mas não deixa mágoa.
Faz parte do crescer.
Faz parte do aprender.
Faz parte do relativizar. E é tão importante relativizar... Deixar de lado o que não nos acrescenta, o que nos pesa, o que não traz alegria e põe sorrisos nos nossos rostos.
Por vezes lutamos em batalhas sem sentido. Embora às vezes não pareça.
É preciso olhar a vida com amor, esperança e paz de espírito.
É preciso aprender a não carregar fardos de outros e os nossos inúteis, que alimentamos, como culpas e arrependimentos. O que está feito não se desfaz.

Remenda-se e renasce-se a cada dia, melhor hoje que ontem.


Cat.

2021.04.14

Adeus (à) Vida XXXIX

 


Adeus...
Adeus ao sol e à chuva,
Ao vento e às ondas do mar,
Ao canto dos pássaros,
Ao cheiro das flores.

Adeus...
Adeus ao sorriso de uma criança,
Às lágrimas salgadas de felicidade,
Ao coração que, cá dentro, bate,
Ao respirar que me faz viver.

Adeus...
Adeus aos que passaram na minha vida,
Aos que partiram e aos que ficaram,
Aos que amo como minha família,
Aos que são sangue do meu sangue e
Isso não se partilha.
Adeus a ti, meu amor,
Pelo que me deste e
Me permitiste conhecer,
Ao Amor eterno,
À minha Alma gémea,
Parte de mim, do meu Ser.

Adeus...
Sei que um dia partirei
E peço (a)Deus ou
A quem do outro lado estiver,
Que não me abandone,
Que por mim espere
Porque sei,
Sei que um dia direi adeus:
Adeus (à) Vida.


Cat.
2021.04.02

quinta-feira, 10 de março de 2022

Adeus (à) Vida XVIII




Presa a um corpo,
Matéria viva que vai morrendo,
A cada hora, a cada dia
Um castigo, um tormento.

Presa, quase desistindo
De deixar de respirar
Para poder, sorrindo,
Para o meu elemento voltar.

Corpo, que no solo,
Sete palmos de terra,
Serei alimento fértil
Numa rodar de vidas.

Alma que me vales,
Que sei jamais morrerás,
Etérea e do que dessa terra,
Um dia, nascerá.

Presa, sem ter como fugir,
Tento viver e todos os dias sorrir,
Pois sei que jamais partirei:
Sendo o corpo na terra
Ou a Alma... No seu elemento.


Cat.
2021.04.01