segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Dicionário de coisas simples XXVII


E o sonhar(te)?
O sonhar(te) é o tempo,
Infindo,
De nunca mais chegar a hora
De te ter nos meus braços.

E o desejar(te)?
O desejar(te) é a memória do teu toque,
Quente, ardente, insano,
Percorrendo a minha pele.

E o amar(te)?
O amar(te) é a vontade do corpo, da alma e do coração,
Que faz de ti a minha
Única perdição, paixão e,
De viver, a minha razão.


08.Fev.2016

Dicionário de coisas simples XXVI




E o beijar?
O beijar é o viciar do teu sabor na minha língua,
É o entregar a alma pela boca.

E o abraçar?
O abraçar é a minha pele com a tua a aquecer,
É o que nos une a se materializar,
É o nosso local seguro.

E o deitar?
O deitar é o descanso do corpo,
É o prazer de contigo tudo partilhar,
E a certeza de que é aqui que desejamos estar.


08.Fev.2016

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Razão ou ser feliz


Preferes ter razão ou ser feliz?
Uma pergunta que sempre me faz pensar pois a resposta não é tão óbvia como pode parecer.
Não, não é.
É por demais evidente que quero ser feliz. Quem não quer?! Utopia dirão uns; não há felicidade continua, só momentânea dirão outros; mas todos a desejamos. Todos ansiamos que faça parte do nosso dia a dia e tantas vezes faz mas estamos tão cegos com a azáfama que nos é imposta que não a vemos, não a sentimos.
Eu quero ser feliz, o mais que puder, o maior tempo possível,sempre. Com as pequenas coisas da vida, com os pequenos gestos que têm para connosco, com a aprendizagem do que é realmente importante. E sim, com o passar dos anos as prioridades alteram-se e o que me faria feliz antes já não é importante hoje.
Preferes ser feliz ou ter razão?
E a resposta balança na mente e deixa-me pensativa.
Já optei por ser feliz e fechar os olhos a algo que me faria ter razão e, instintivamente, escolhi ser feliz.
Uma, duas e outra vez.
E fui. Muito feliz.
Até tudo se repetir.
Há determinados aspectos no quotidiano que me são impossíveis de contornar. Principalmente quando há a obrigatoriedade de ser um exemplo.
O velho ditado popular "olha para o que digo, não para o que faço" não funciona com personalidades em desenvolvimento. Há que ser, verdadeiramente, o exemplo do que achamos correcto e incutimos ou exigimos dos outros.
E é difícil educar.
E é difícil perder hábitos que eram a nossa forma de viver. Que era tudo o que sempre desejamos e éramos felizes assim: sem regras. Chegar a casa era chegar ao paraíso, ao nosso perfeito paraíso.
E a vida muda. E as opções que fazemos mudam essas rotinas sem regras que nos faziam felizes.
E tudo muda. E a responsabilidade de ser responsável pelo desenvolvimento moral de alguém muda tudo.
E há um momento em que dizer, mandar, obrigar não chega. É preciso ser o exemplo. É preciso mudar.
E sim, quero que admitam que tenho razão e que, tal como eu, cresçam e passem das palavras às acções.
Sim, quero que olhem para nós e nos vejam diferentes de tudo o que conheceram até hoje.
Sim, quero que olhem para nós e sintam que, apesar das nossas limitações, das nossas diárias aprendizagens e ajustes, nos vejam como alguém que não os defraudou. Como alguém que exige e cumpre. Como alguém que não usa do poder para exigir apenas e castigar quando não cumprem.
Há um momento na vida de quem criámos que não basta mandar, há que exemplificar.
E por muito que custe mudar, há que o fazer por um bem maior.
E são pequenas coisas do dia a dia que fazem a diferença: partilha de tarefas. E cumprir escrupulosamente as mesmas. Regras básicas que incutem respeito, entreajuda, responsabilidade.
Sim, quero ter razão porque o nosso ser feliz já não funciona nesta nova vida. Tudo mudou e nós não somos só nós, somos educadores, formadores e exemplos.
Preferes ter razão ou ser feliz?
Não há resposta fácil mas sei que não quero ser aquela "mulherzinha asquerosa" de que muitos se queixam.
E neste jogo de cintura que é necessário a mulher fazer, balançamos entre o sr feliz e o ter razão como numa corda bamba, sempre sem saber qual deve prevalecer...


06.Fev.2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Seria diferente?



O dia já cumpriu a tarefa de aquecer a alma e o corpo. Entrega-se agora, lenta e demoradamente, ao descanso.
O único som que aqui existe é o do silêncio e pela janela vê-se a agitação do fim de tarde de uma sexta-feira e o rio, esse, corre sem pressa para se juntar ao mar e se tornar imenso.
Há pássaros a regressar e outros a partir, cruzam o céu azul manchado de tons laranja como nos dias de Primavera. As luzes das ruas já espreitam por entre os prédios onde o sol já não marca presença.
E aqui, dentro destas paredes, o corpo também deseja o descanso e que a tranquilidade invada a alma e a mente se deixe vaguear em sonhos (im)possíveis de concretizar.
E os sonhos são tão (im)previsíveis... Como amar e ser amado, como querer e ser desejado, como seduzir e ser cortejado. Como ter o corpo e o ego lisonjeado.
É tão (im)previsível a necessidade de ser feliz. E são tão facilmente (in)alcançáveis.
Tudo pelo tempo. A culpa é sempre do tempo: não era o momento certo, não estava bem naquele momento, se soubesse o que sei hoje, se..., se..., se...
Se fosse hoje seria tudo tão (in)diferente. Somos o que somos. Somos o que crescemos e aprendemos em determinada altura – de novo o tempo que nos condiciona.
Eu não agiria de forma diferente, em determinada altura, perante determinada situação.
Seria mais ou menos (in)feliz? Não posso saber. Foi o que decidi. Foi o que escolhi. Foi o que foi.
E estou bem assim. Adormecendo ao final do dia tranquilamente.


05.Fev.2016