domingo, 7 de julho de 2013

Dicionário de Coisas Simples XVI



E o prender?
O prender é fechar os lábios
Molhados de um beijo teu
E saborear até a boca secar.

E o soltar?
O soltar é deixar o corpo
Seguir-te os movimentos,
Cadenciados e ritmados
Ao sabor do teu tempo.

E o suspender?
O suspender é deixar de respirar,
É fazer o tempo parar,
É prolongar o espasmo dos corpos
Suados acabados de se amar.


1.Jul.13

Relembrados


A noite já caiu e cobre o céu com inúmeros pontos estrelados. Vejo neles os minutos que passam, lentos, imensos e idênticos a todos os outros que já passaram e que se misturam de forma demasiadamente imperceptível.
Lá fora há sons que são de Verão, de longínquas músicas de uma qualquer festa numa qualquer localidade devotos de um qualquer santo. O fogo de artifício vem tingir o negro de cores de sonhos que se desejam e se perdem no ar, no cair da cana, no estourar de outro foguete mais pujante e colorido e as crianças, eufóricas, gritam e riem com um entusiasmo quase contagiante.
Cá dentro o calor desfaz-se vagarosamente na doce e suave brisa de cheiro a funcho e alecrim. Rendo-me ao seu toque e deixo que a minha pele a receba sem receio, sem roupa que a prenda e sinto-a afagar-me refrescando-me.
Os pensamentos estão longe, afastados da diferente rotina de um Domingo à noite. Estão nas lembranças do teu cheiro, nas recordações do teu beijo, no sentir dos teus dedos, no desejar do teu querer. Encontram-se com as estrelas e com elas se desvanecem, sonhos vividos e não repetidos, sonhos trocados, substituídos, mas a cada noite, sempre e eternamente, relembrados...
 
 
1.Jul.13