terça-feira, 9 de abril de 2013

Incessantemente


Sou um corpo
Que se queda
Inerte,
Por vezes,
Sem sentido e sem sentir,
Sem querer e sem vontade.
Sou este viver sem vida,
Que respira e bombeia o líquido
Que nos faz avançar nos dias.
Sou um corpo,
Que desperta quando o odor
A laranjeira se liberta no ar,
Que sorri quando as frias gotas
De mar salgado me inundam as faces,
Que estremece e vibra perante o sorriso,
Inocente e puro,
De uma criança.
E que vive!
Hoje, amanhã e sempre
De coração completamente cheio,
De tudo que me faz sentir.
E de ti!
Vivo tão incessantemente cheia de ti!


1.Abr.13

Apenas

E no corpo apenas esta pele
Que me cobre por inteiro,
Um opaco véu que comanda,
Que desenha o contorno do que sou.
Uma matéria palpável
Que sente e vibra,
Que reage e se contorce,
Arrepia
Sob o vento da manhã fria.
E dentro do corpo esta alma
Que me inunda por inteiro,
Um pensar que controla,
Que se exprime nessas palavras
Habilmente articuladas,
Por vezes dissimuladas das dores
Prendidas no peito,
Ou puras e simplesmente verdadeiras.
Uma alma que sonha,
Que deseja e sente,
Que se compadece e revolta,
Que por vezes se deixa controlar
 Ou se entrega,
Sem sequer pensar.
E dentro de mim
Estas sensações,
Estes pensamentos que me fazem viajar,
Muito, muito para além de mim.
Desta carne que me confina os movimentos.
E eu sou corpo.
E eu sou Alma.
E eu sou grande e tão pequena...
1.Abr.13