quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Existências...



Há vidas vazias, ocas de qualquer sentimento que seja passível de ser bom sobretudo devido à forma como se encaram as situações que vão surgindo no passar dos dias.
Vidas tão vazias que há um negrume na alma e um azedume nas palavras proferidas ou escritas.
E quase sempre as escritas têm o significado que queremos que tenham, lidas de forma a encontrarem-se os pontos que nos levam à nossa conclusão pré-instituida.
Juízos de valor.
Acusações, condenações quase sempre à medida do pensar de quem as faz e tantas vezes pequeno e tacanho.
Apenas porque é mais fácil acusar, responsabilizar alguém do que assumir o erro, a falha, o fracasso.
Há vidas vazias cheias de palavras que lidas parecem cheias.
Há vidas cheias de palavras que lidas parecem vazias, perdidas, sem rumo ou objectivo.
Há palavras que não passam de palavras apenas unidas num sentimento que nada reportam da realidade vivida ou de algum desejo reprimido.
Há palavras que são tudo isso e que não passam disso.
Há palavras que não têm destino.
Há palavras que tomam como de quem as lê. Que são tomadas por quem as lê. Interpretadas num rodopio de imagens carregadas de imaginário que raramente corresponde à verdade. Ou sim.
As palavras são como as verdades, cada um tem as suas e a sua é sempre a mais verdadeira.
Há palavras de Mulher com todo o sentir e prazer e há palavras de Menina que como todos gosta de receber amor, carinho e protecção e de dar e amar. Porque há tanto para oferecer. Porque há tanto que pode fazer a vida valer a pena viver.
Há tanta forma de amar.
Há tanta forma de odiar.
Há tanta forma de encher o vazio e de ver os dias passar.
E as palavras nunca definem quem as escreve.
E as palavras valem o que valem.
E as palavras magoam se se deixar, se se permitir, se sentidas de alguma forma com uma ponta de verdade ou de vergonha.
Palavras que apenas se tentam ignorar porque nada de novo ou bom trazem aos dias que correm e que se guardam como prova de como a vida pode ser gasta de forma errada.
Há vidas cheias das palavras erradas.



18/12/2012

O amor



Como se sabe que se sabe o que é o amor?
Como se sabe se alguém sabe o que é o amor?
O amor é algo assim tão linear que sejam certas e únicas e apenas determinadas palavras que o consigam definir ou explicar?
O amor é azul como o mar ou vermelho como o sangue que faz vibrar, preto como a noite ou amarelo como o girassol que adora esse deus maior?
O amor tem forma de coração quando somos jovens e expressamos um sentimento maior ou a de uma rosa de cor paixão numa jarra no canto do quarto onde os corpos se unem?
Tem o amor o cheiro do mar para quem nunca o sentiu ou das frésias que sem medo despontam na Primavera ao acaso no jardim?
É o amor o dar a mão num passeio no jardim ou a entrega de corpo e alma numa cama de quarto?
É possível sentir-se amor e dissociar-se a entrega do corpo da da alma?
Mas é possível que se fale de amor sem ser de forma amargurada e negativa, sem ser de dor e fracasso?
E os que falam com alegria e sorrisos, com conquista de objectivos e fracassos que unem fortalecem, não sentem amor?
E os amores proibidos, escondidos com receios de ver vidas destruídas, de sonhos nunca conseguidos, de lutas que são quase sempre perdidas, são menos amor que o outro?
Quem pode saber se alguém sabe o que é o amor, se mesmo em nós, muitas vezes não há fio condutor...


18/12/2012