terça-feira, 12 de junho de 2012

Reflexo


E o espelho? Que te diz o espelho quando o olhas? Que vês nele reflectido?
O teu rosto, as tuas feições, as pequenas imperfeições do tempo que teima em deixar marcas de sonhos desfeitos e dias felizes, de horas sem lágrimas e minutos emotivos.
Marcas que são visíveis como os sorrisos em perfeitos dias de Outono com folhas douradas caindo, como os cheiros da Primavera em flores de laranjeira e jasmim em jardins perfeitos de cores variadas que nos mostram a vida numa tela fulgente de sentidos que não precisam de sentido, apenas são e fluem sem pensar.
E o espelho? Que mais mostra esse reflexo? És o sonho que sonhaste? És capaz de te olhar, sem ter medo do que vês? Sem fugir da verdade que cada ruga te mostra?
És capaz de verdadeiramente te ver? Porque nada mais importa que não seja conseguires-te olhar e não fugir, esconder o que te mostra esse ser reflectido sem rodeios ou artefícios.
Quem és tu? Sabes dizer?
Sabes olhar e te perceber, compreender e, sobretudo, aceitar com todas essas imperfeições que nos moldam o ser?
E eu? Eu sei. Sei o que sou. O que me move. Os defeitos e as virtudes, muitas, poucas, algumas só. Mas sei que quando me olho, não fujo do que vejo, não me ausento de mim...
O que vejo é o meu (im)perfeito reflexo.

2012/06/05

Ouço

E eu ouço o meu nome na brisa
Que tráz o teu gravado no som
Que lento sussurra, assobia
Por mim que te oiço na mente vazia.
E o meu nome é o teu misturado
Num sonho de nadas,
De tudo gravado,
De memórias perdidas
De noites a dois vividas,
Por corpos rendidos
Em tardes amados,
Perdidos
Em imensos pecados.
Ouço-te assim,
Gritando por mim,
Num desespero que sinto
Cá dentro do peito,
E eu o teu nome sussurro
Num pranto que derramo
Em ventos do frio
Que espero e que sinto
Por ti seja ouvido.
Ouço meu nome sem que o grites de verdade,
Apenas desejo que o soltes,
Que me chames...

2012/06/04