E o dia em que deixarei de te procurar chegará. É inevitável.
À medida que os dias vão passando, que as horas se vão tornando menos longas e os minutos já me deixam respirar, vais desaparecendo em mim.
Não falo de troca, não há trocas.
A vida não é um jogo em que se possam fazer substituições! Pelo menos no coração. Quando muito, e talvez na maioria das vezes, fazemos compensações. Sim, compensamos frustrações, desilusões, emoções por outras sensações que nos aumentem o bem-estar, a auto-estima, o ego. Ou então recorremos a subterfugios psico-trópicos que nos iludem a mente e nos invadem de sensações forçadas, apenas reacções químicas que nos fabricam sorrisos e abrandam os receios.
Mas não é disso que falo. E da tua intensidade em mim, da tua presença no meu sentir, da força imensa das tuas palavras na minha mente.
Quando te afastas, de cada vez que te afastas, aumentas o tempo do silêncio. E é nesse tempo, sem o sussurro do murmurar do teu me dar, que me vou habituando a sem ti estar.
E quando voltas, de cada vez que voltas com o sorriso nas palavras, na voz, reabres em mim um novo mundo de esperança e ilusões. Mas mais contido, à espera da próxima partida, à espera de um novo zarpar em mares que te são apetecíveis. Mais apetecíveis e que acabam por não te completar, por não te preencher, por te fazerem sofrer.
E nas tuas ausências procuro-te. Procuro sinais de ti, do teu passar por mim, dos beijos e abraços que não trocamos, dos olhares e toques de mão que não sentimos.
E cada vez menos te procuro. Cada vez menos te sinto a falta.
Sabes, somos de hábitos, de vícios. E eu viciei-me em ti. E eu habituo-me a viver, nesta ressaca de ausência tua, nesta abstinência forçada de não tomar de ti. E um dia ja não me farás falta, já estarei de ti curada...
E o dia em que deixarei de te procurar chegará. É inevitável.
27/03/2012