quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Grãos de areia...


Na ampulheta, o tempo nao para, os graos de areia caiem, escorrem por entre si e vao desaparecendo ate nada mais restar senao, aquele vazio imenso. Um vazio de ausencia.
E eu sinto-te escorrer-me das maos, por entre os dedos, como se desses finos graos de areia se tratrasse e que tento, a todo o custo, manter comigo.
Vejo-te cair de mim e criar uma nova montanha e sinto-me tentada a apanhar-te e a juntar-te de novo num punhado de duas maos, so meu. Mas ao mesmo tempo, o receio de perder um unico grao de areia nesse processo de recuperacao e mais doloroso que todos os que ja se escorreram de mim.
Entendes o que te digo? Consegues perceber que, os que ainda estao nas minhas maos, sao os que vais querendo manter comigo. E esses sao infinitamente mais importantes que os outros: nao posso perde-los!
Sim, eu sei que vai chegar o dia em que apenas alguns ficarao e que esses, esses serao apenas meras sombras de ti. Memorias impressas na palma da mao, como as linhas que alguns dizem decifrar.
Mas quem decifra o amor?
Mas quem sabe ler os contornos de uma paixao, de um amor para alem da compreensao?
Mas quem consegue contar os graos de areia na ampulheta e saber ao certo quanto tempo falta?
E de um momento para o outro, nao ha areia.
Tal como tu em mim...

28/02/2012

Despedidas...


E existem alturas na vida em que temos de dizer basta, chega. Em que as nossas forcas se esvaiem do corpo, fogem rapidas, velozes e, de um momento para o outro e hora de largar. Hora de deixar ir e de abandonar.
Deixar para tras o que nao nos deixa andar para a frente, o que nos impede de avancar, de evoluir.
Nao importa se ja fez bem, se ja nos completou o vazio, se ja foi tudo.
Que importa se agora e nada? Se agora nao ajuda, se agora so nos puxa para baixo, so nos prende ao chao? Que importa se agora, o que precisamos e de voar?
Se temos de sentir de novo o ar no rosto, o sol no corpo, se o corpo apenas pretende seguir a vontade! E como tenho vontade! Como preciso largar-te, soltar-me de ti, viver por mim!
O tempo ja passou, ja nao diz nada, ja nao ha momento ou historia que o possa recuperar. Passou entendes? Nao soubemos aproveitar. Nao soubemos ler os sinais. Talvez nem houvessem sinais, talvez so eu os sentisse. Mas hoje deixo-te livre. Livre de mim, do que possas ter significado para mim. Afinal, ja nada sei de ti, ja te escondes de mim, ja te fechas no teu mundo em que so alguns, os eleitos, tem acesso.
E eu, eu nao aguento ficar com palavras de compaixao, de mera resposta. Eu queria que me falasses, me contasses, te partilhasses.
Descansa, ja nao luto mais! Nao tenho forcas e as tuas, as tuas sao brutais.
Se nao me queres contar, que faco eu aqui, correndo, atras de ti?
Nao! Nao des desculpas! Nao precisas! A oportunidade passou, ja la vai. Nao importa de quem e a culpa.
Chegou a hora, eu nao aguento mais. Chegou a hora de te dizer adeus...

28/02/2012

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Hoje viajo ao som de...


You've touched these tired eyes of mine
And mapped my face line by line
And some how growing old feels fine
I listen close for I'm not smart
You wrap your thoughts and works of art
And there hanging on the walls of my heart.

I may not have the softest touch
I may not say the words as such
And though I may not look like much
I'm yours.

And though my edge is maybe rough
I never feel I'm quite enough
And it may not seem like very much
But I'm yours.

You healed these scars over time
And braced my soul, you loved my mind
Your the only angel in my life
The day the news came, my best friend died
My knees went weak, and you saw me cry
Say I'm still the soldier in your eyes.

I may not have the softest touch
I may not say the words as such
And though I may not look like much
I'm yours.

And though my edge is maybe rough
I never feel I'm quite enough
And it may not seem like very much
But I'm yours.

I may not have the softest touch
I may not say the words as such
And though I don't fit in that much
But I'm yours.


Recordações...


"Recordar é viver", dizem alguns.
Recordar é morrer. É viver no passado do que foi, do que poderia ter sido.
Recordar é martírio, é dor, é vontade de voltar atrás, vontade de fazer diferente.
E é sentimento que não nos abandona. É um sentir que não nos deixa avançar, seguir e voltar a viver.
É ficar preso em situações boas ou más, não importa... Importa sim, as maus ficam mais tempo que as boas.
Os que nos magoam marcam-nos de forma intensa, imensa como a dor que provocam, como a angústia de ter falhado, de não ter sido suficientemente boa para poder contornar, suficientemente hábil para poder criar uma solução. Algo que, num passe de mágica fizesse tudo fluir sem medos, receios, entraves.
E é isso que magoa: a falha. E quantas vezes se falha, com medo de falhar?
Mas eu, eu não te quero recordar. Não quero que sejas uma lembrança arquivada na minha memória.
Guardado num dos patamares mais ou menos superficiais dos momentos que constituem a minha existência, que fazem parte dos meus dias, que são parte de mim.
E só recordo o que tens de bom. Como me envolves nos sussurros ao ouvido. Como me acalma o teu abraço. Como me seduz o teu sorriso. Como me encanta o teu olhar.
O meu recordar-te é suave como a chuva de Verão na pele. É aroma como a brisa do mar salgado. É o sabor do teu beijo, sendento e molhado. O meu recordar-te é o meu alento.
Claro que sei! Não passaram de meros momentos, não precisas dizer-me. Mas ficaram cravados em mim e ainda hoje os sinto. Tão presentes. Tão tu ao meu lado.
Não! Eu não te quero recordar. Quero viver-te. Hoje como ontem.

28/02/2012