sexta-feira, 30 de abril de 2021

Adeus (à) Vida IV


 

Serena, calma e em mim
A noite aqui chegou:
Do meu leito s'aproximou
E entregou, ao meu ser, o fim.

Sou corpo frio, sim,
Em que o sangue parou,
Serei cinzas que o fogo queimou
Espalhadas na brisa de cheiro a jasmim.

Não sintas nada por mim:
A dor terminou
E eu... Eu, já não sou,
Pois as horas deixaram de ter fim.
Agora apenas um' Alma assim:
Livre e que voa o que nunca voou.


Cat.
2020.12.05

Adeus (à) Vida III




Cansado e carregado
De pesado desalento
O coração faz a vontade
E a Alma segue-lhe o exemplo.

O corpo inerte,
Sem respirar,
Sem vida, agora, permanece
Num eterno descansar.

Um último desejo
Quer ver concedido:
Ser cinza espalhada
Num campo qualquer,
E qual pássaro voando,
Livre finalmente,
Pertencer
Onde quiser.


Cat.
2020.12.04

 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Adeus (à) Vida II


 

Ouve-me:
Quando o vento Sul
Não cheirar a mar,
Quando o orvalho
Deixar de molhar
E as nuvens negras
De chorar,
Não te apoquentes,
Sou eu a partir.

Dir-te-ei adeus
Com tempo, sem pressa,
Será todos os dias
A cada hora, minuto
Que passa
Na sua eterna pressa.

Deixará, para mim, de haver vida
Como o meu coração,
O corpo inerte, deitado,
Já sem sentir o que havia.
A Alma despedaçada,
Cortada,
Partida e pequena,
Será espalhada
Como de uma flor
As pétalas, no chão
Caída, perdida na erva...


Cat.

Adeus (à) Vida I


 

No dia em que me acordares
E os olhos eu não abrir,
Por favor, não chores,
Assim já deixei de sentir...

O ar passa livre por mim,
Sem obrigação de entrar
E de assim ter um fim:
Fazer-me a dor perdurar...

O sangue pára por fim,
De desenfreado correr,
O frio apodera-se de mim
Não há forma mais perfeita de morrer...

O corpo frio enrijece
Com o passar das horas,
E já nada m' entristece.


Cat.
2020.12.03