segunda-feira, 26 de abril de 2021

Intocada


 

Pura, intocada,
É assim que espero
A tua chegada.
Ontem,
Hoje,
Amanhã.
Todos os dias.
Pura, apenas por ti tocada,
Apenas tua,
De corpo,
Pele, sangue
E Alma.
Não há entrega assim
Sempre ansiada,
Sempre intensa,
Sempre como se fosse
A primeira.
Descoberta a cada toque,
Desejada a cada beijo,
Docemente amada,
Luxuriamente tomada,
Domada.
Pura,
Que de inocente não tem nada...


Cat.
2020.10.28

Um em dois


 

O teu beijo
Perdura, doce e suave
Na minha pele,
Como uma veste que
Jamais se despe.

O teu toque
É parte de mim,
Deste corpo que,
Às vezes inerte,
Vagueia pelas memórias
Do que é receber-te.

O teu odor
Paira neste ar
Que a cada bater
Do coração inspiro,
É o que me faz viver,
É o que me faz vibrar.

Doce é o amar,
Carregado de ilusões
Que a cada dia nos faz sonhar,
Que a cada hora custa mais a passar
Até te voltar a rever,
Até voltarmos a ser um em dois...


Cat.
2020.10.28

sábado, 24 de abril de 2021

Desnuda


 

Espero(te) quase desnuda
Das vestes da vida,
Pronta, certa e segura,
Tanto da (tua) chegada, como da (tua) ida...

Mas espero(te)
Pois desejo (por ti)
Ser uma e outra vez,
De novo,
Sentir-me viva,
Assim possuída.


Cat.
2020.10.26

De dentro


 

Há no vento um estranho aconchego.
Um abraço que m' envolve a pele, que me trespassa a carne e chega à Alma.
Abraça-a sem medo do que é, só que vai ver ou sentir.
E ela, docemente, deixa-se ir. Deixa-se mostrar.
Não há nada que o vento não exponha, não traga cá para fora.
E o corpo cai, dormente no chão.
Há o húmido do orvalho na erva e nas flores o cheiro a um Outono quase a acabar.
Na terra onde as mãos se ficam há a ligação mais pura, mais simples e mais inocente de sempre.
Um ser que respira, vive e pulsa, no meio de um mundo perfeito de ciclos correndo entre a vida e a morte. Sem medos, sem receios, sem culpas. Apenas cumprindo o seu papel neste teatro que é a vida.
E o vento mostra o meu interior, o meu íntimo, o meu Eu mais sincero e verdadeiro.
Com todos os defeitos.
Com todos os erros.
Com todas as virtudes.
Com todos os sentimentos.
E eu senti-me, ali, deitada, com o sol no rosto, de alma lavada porque sou apenas e somente humana.
E, assim, como que fora do corpo, olhei-me e vi luz ao meu redor, não negrume. Vi cor e sorrisos, não dor e desesperos.
Vi que ser feliz vem de dentro e não do que os outros nos dão.


Cat.
2020.10.26